3 de março de 2011

A Time To Love And A Time To Die (1958)
Douglas Sirk

A Time To Love And A Time To Die é tudo o que All Quiet On The Western Front não é. Antes de mais, o filme de Milestone é um filme de guerra enquanto o de Sirk é um melodrama, uma história de amor em tempo de guerra. Tal comparação faz-se porque ambos são adaptações de romances de Erich Maria Remarque. E onde All Quiet On The Western Front crava a ideia ou qualquer tipo de proclamação da rejeição do patriotismo, o filme de Sirk distancia-se dessa rejeição e busca essencialmente uma exposição das atrocidades nazis. O tal patriotismo está lá, nada de heroísmos patrióticos mas o amor à pátria está lá. A Time To Love And A Time To Die vai buscar esse amor à pátria não só para expor a desumana e cruel “máquina” nazi como para desmitificar essa mesma “máquina” (ou quem a serve), nomeadamente a opressão nazi para com os próprios soldados e o próprio povo. Acima de qualquer coisa, a humanização do alemão e a desumanização do nazi, a urgente distinção entre um alemão e um nazi. Contudo, voltando à analogia com All Quiet On The Western Front, tanto o filme de Sirk como o de Milestone analisam a estupidificação ou a inutilidade ou a irracionalidade da guerra. Sim, ambos o fazem, mas A Time To Love And A Time To Die é acima de tudo um filme de sombras e de obscuridades preocupado tanto nos ideais aos quais é subjacente os direitos humanos e uma consequente ideia ou ânsia de revolta e de resistência anti-nazi quanto num certo tipo de dignidade humana e repulsa pelo nazismo. Melodrama de resistências humanas contra a desumanização e a crueldade da guerra, caminho inglório para a morte que desvirtua qualquer efemeridade de amor em tempo de guerra.

2 comentários:

Rato disse...

Este filme deixou-me muitas saudades. E o teu comentário trouxe-me a urgência de o rever. Lá terá de ser, um dia destes...
Aliás, é algo para que contribuem os blogues das pessoas de gostos parecidos aos nossos - recuperam memórias, deste ou daquele filme que já não vemos há muito tempo.
E este filme, como todos os do Sirk, tem aquele extra muito especial de ter sido filmado com as magníficas cores do technicolor

O Rato Cinéfilo

Álvaro Martins disse...

Foi graças a ti que decidi apressar o visionamento deste filme. Obrigado ;)