Aleksandr Askoldov
Para lá das devastações e das vidas ceifadas a guerra não escolhe idades ou sexos quando surge. Em Komissar o ponto de partida é a crueza ou a invulgaridade da participação (activa) feminina na guerra, uma comissária. Depressa percebemos que além de patriótica é fervorosamente ideológica e partidária, por isso a exagerada fúria ou alguma atribuição de culpabilidade àquele rebento que se desenvolve dentro dela. Vê-se obrigada a repouso e a um certo exílio no seio duma família judaica, tudo o que certamente não quereria, a sua vontade é a de combater, estar ao lado dos seus camaradas, afinal faz-se história na Rússia, é a Revolução. Mas a condição maternal (ou de futura posição maternal) assim o exige, a mulher e a sua cria, o afecto que irremediavelmente vai surgir. Há que escolher entre a luta e a cria.
Mas Askoldov caminha não só em terrenos revolucionários e de conflitos interiores como introduz um onirismo quase que visionário daquela família (e não por acaso é uma família judaica) aludindo ao holocausto. Mais do que a escolha daquela mãe onde o russo explora a barbaridade ou o absurdo dessa escolha, Komissar visita a dor e as atrocidades do holocausto para juntamente com a tal escolha atribuir uma dimensão catastrófica àquele acto, algo devastador que vai mais além do que uma possível ausência de amor ou de afecto maternal para incidir nas consequências terríficas daquele acto.
No entanto, ainda em plena guerra civil, o cineasta é capaz de demonstrar (ou metaforizar) a crueldade da chacina atroz do holocausto e do comunismo de Stalin (no acto irreflectido daquelas crianças sobre a irmã) e, minutos depois, lá dentro do abrigo ao som das explosões estridentes das bombas que caem lá fora, aquele pai confrontado com o choro e o terror espelhado na face daquelas crianças as toma pelos braços e junta a família em redor forçando-a a cantarolar e a sorrir e a dançar na perseverante tentativa de as confortar e, por momentos, fazer esquecer o horror da guerra. Poderoso e lírico momento donde brota a coragem e o amor dum pai. Grande filme.
Mas Askoldov caminha não só em terrenos revolucionários e de conflitos interiores como introduz um onirismo quase que visionário daquela família (e não por acaso é uma família judaica) aludindo ao holocausto. Mais do que a escolha daquela mãe onde o russo explora a barbaridade ou o absurdo dessa escolha, Komissar visita a dor e as atrocidades do holocausto para juntamente com a tal escolha atribuir uma dimensão catastrófica àquele acto, algo devastador que vai mais além do que uma possível ausência de amor ou de afecto maternal para incidir nas consequências terríficas daquele acto.
No entanto, ainda em plena guerra civil, o cineasta é capaz de demonstrar (ou metaforizar) a crueldade da chacina atroz do holocausto e do comunismo de Stalin (no acto irreflectido daquelas crianças sobre a irmã) e, minutos depois, lá dentro do abrigo ao som das explosões estridentes das bombas que caem lá fora, aquele pai confrontado com o choro e o terror espelhado na face daquelas crianças as toma pelos braços e junta a família em redor forçando-a a cantarolar e a sorrir e a dançar na perseverante tentativa de as confortar e, por momentos, fazer esquecer o horror da guerra. Poderoso e lírico momento donde brota a coragem e o amor dum pai. Grande filme.
1 comentário:
Isto é fabuloso, de um lirismo belíssimo!
Tenho de o rever em breve.
Cumps cinéfilos.
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