Laurent Cantet
Ressources Humaines é um filme claro, com muita luz, e é com essa mesma luz que Cantet traz a sua grande finalidade, buscar a luz da descoberta. E o que se descobre? A impiedade do capitalismo. Estamos perante algo herdeiro do neo-realismo, preocupado nos problemas sociais, no desemprego e na justiça laboral, terreno de greves e sublevações inglórias, coisa de realismo. Contudo, Cantet procura mais e esforça-se por criar não só uma ambiguidade naquela relação pai/filho (ao que resulta presumivelmente e obviamente naquela “explosão” final) como em criticar essa apatia ou letargia social do trabalhador que continuamente se acomoda e sujeita às injustiças laborais (caso flagrante o do pai). Podemos também analisar a sua conduta (a do pai) pertencente a quem quer o melhor para o filho, discorrer na velhice e no futuro do seu primogénito que é o que realmente importa àquele pai, e por isso a tal letargia. E daí se chega ao conflito pai/filho que assenta num choque de mentalidades, onde mais do que a disparidade do velho e novo se encontra a necessidade do novo (e a ausência dela no velho) da revolta contra o abuso do poder e uma certa vergonha deste na condição social e laboral do pai. E Ressources Humaines só peca (e o limita) nos lugares-comuns e nos clichés que transporta, nalguma confusão narrativa que apresenta, na realização de Cantet que não sendo má também não é boa.
2 comentários:
Belo filme. Bem a propósito agora com a C. word a assolar Portugal por todos os lados.
eheh
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