22 de abril de 2011

Tabu e City Girl são dois objectos tão negros mas tão negros quanto as noites mais escuras, coisas pueris que desembarcam na crueldade do mundo, do ser humano, coisas que vão aos confins do inferno, que trazem as trevas à terra, objectos tão utópicos na sua premissa (a felicidade total) que têm forçosamente de cair na lucidez da realidade e da crueldade, coisas brutais na irascibilidade da humanidade, na fervorosa desumanidade do mundo. City Girl é a esperança e Tabu a desesperança, City Girl é a vida e Tabu a morte. Mas ambos são a negrura do mundo no cinema. É Murnau no seu esplendor ou num (ou dois) dos seus esplendores, é a maravilha do cinema, a alma do cinema em toda a sua força, toda a magia e beleza do cinema está ali em Tabu e City Girl.

3 comentários:

Rato disse...

Curiosamente revi estes dois filmes há relativamente pouco tempo

Zé alberto disse...

belo comentário, Álvaro, com força, muita força, tal aquele que empunha o punhal da paixão para rasgar o papel no qual a transcreve. Murnau merece que assim falem do lado negro da lua que a obra dele habitou.

Álvaro Martins disse...

Fizeste muito bem Rato ;)

Zé, obrigado mais uma vez ;) Murnau merce que falem assim e muito mais, foi um dos maiores dos maiores sem qualquer sombra de dúvidas.