25 de abril de 2011

Bal é o primeiro contacto de Yussuf com a morte (o segundo da trilogia), um retracto vivo e harmonioso (e naturalista e contemplativo e sublime…) da relação dum pai com o seu filho, o olhar maravilhado deste pelo pai, a força ou a influência que um pai exerce no filho, o começo de tudo, a origem da sua definição enquanto ser humano social e colectivo, em última instância, a sua definição enquanto poeta. Mas mais importante ou o que faz de Bal um grande filme é a sua mise-en-scène, como nos outros dois era também o grande trunfo, a forma de Kaplanoglu filmar, de abraçar a natureza, os silêncios, os ruídos (e por isso nenhum tem nenhum tipo de música). Por isso vemos nesta trilogia tanta influência em Tarkovsky, em Sokurov, em Tarr, em Dreyer e Bergman, pela espiritualidade da sua mise-en-scène, pela poesia das imagens, dos planos e dos enquadramentos, pela plasticidade e expressividade dos planos e dos actores, pela força deste cinema, pela sua beleza.

4 comentários:

Carlos Natálio disse...

Se não existisse ONDE FICA A CASA DO AMIGO do Kiarostami BAL era mesmo sublime. A sequência inicial da suspensão do pai na árvore e a final (que aqui não revelo) são soberbas.
Abraço

Álvaro Martins disse...

Podem ser os dois sublimes ;) não é o meu preferido da trilogia, acho o Süt o mais completo, mais metafórico e aquele que melhor define o personagem, sei lá, também foi o primeiro que vi... mas são os 3 muito bons.

Carlos Natálio disse...

Ainda não vi os outros dois... mas fiquei curioso. Já viste o Road to Nowhere do Hellman?

Álvaro Martins disse...

Ainda não mas verei-o nos próximos dias.