4 de abril de 2011

Straw Dogs (1971)
Sam Peckinpah

Desde o inicio de Straw Dogs que sabemos que algo vai acontecer, prevê-se aquela explosão de violência final, é Peckinpah embora o seja desmesuradamente calmo até àqueles minutos finais. Tudo é Peckinpah puro, tudo é extremamente desmesuradamente violento, não só naquela explosão final e de todo o sangue que brota daí ou naquela violação psicologicamente e expressivamente aterradora mas em toda a montagem, na realização, na relação entre aquelas pessoas, no ambiente. Qualquer coisa tão forte e tão brutal naqueles momentos finais que extravasam tanto sangue, tanta tensão onde o que realmente interessa é a transformação do homem, a mutação do ser em que a racionalidade dá lugar à animalização e a fervura da adrenalina e do sangue, da raiva e do ódio a tomarem conta do homem. David toma aquela decisão só para mostrar que não é cobarde (e recuemos atrás ao momento em que Amy depois da violação deitada na cama aquando da chegada de David a casa lhe chama isso mesmo, e não nos esqueçamos que a violação é fruto tanto da imbecilidade e cobardia primária de David como da provocação de Amy para com aquele grupo de homens - não nos esqueçamos que Amy e Charlie têm um passado juntos que Peckinpah nunca nos esclarece), que é homem suficiente para defender a sua casa, que também recorre à violência se assim o necessitar. Aí David assume (e a David atribua-se a humanidade) a sua animalização, a sua ferocidade, “bota-a” para fora. E no perigo, David transforma-se, sabe exactamente o que fazer e como defender a sua casa. Aquilo é mais uma questão de honra e de afirmação (sobretudo para com a mulher) do que de alguma defesa quer de território quer de Amy, até porque no final vemos David feliz como que aliviado pelo que aconteceu. Obra-prima sim senhor.

8 comentários:

José Rodrigues disse...

Ganda filme!

Rato disse...

Confesso que fiquei admirado de ver o "Straw Dogs" por aqui, porque foge um pouco ao tipo de filmes que o teu "Preto e Branco" costuma afixar na montra.
Não lhe chamaria "obra-prima" de ânimo leve, mas trata-se de um dos meus filmes favoritos dos inícios dos anos 70, apesar da muita porrada que levou na altura da estreia, por parte da grande maioria da crítica (nacional e estrangeira).
É um filme a que me dá sempre prazer voltar e um dia destes vou falar sobre ele mais em detalhe.

O Rato Cinéfilo

Álvaro Martins disse...

Rato, pelo contrário, acho que não me costumo cinjir a um tipo de cinema, acho que sou bastante variado no género de cinema que vejo e que "divulgo" aqui, desde que seja de qualidade eheh

My One Thousand Movies disse...

True :)

Sam disse...

Um dos meus favoritos do Peckinpah.

E, no final, David não está só aliviado, demonstra também um surpreendente sentimento de triunfo: «Jesus. I got 'em all!»

Anónimo disse...

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Álvaro Martins disse...

Thanks anonymous.

Unknown disse...

Oh se é grande filme! Foi o primeiro Peckinpah que vi e talvez o meu preferido de todos os filmes dele.