16 de abril de 2011

Yumurta (2007)
Semih Kaplanoglu

Se há coisa que Yumurta faz é lidar com a culpa, com os remorsos, com a dor da perda mas mais importante com a dor da inevitabilidade, do “não volta mais”, do “podia ter feito isto e aquilo”. Assim, o primeiro filme da trilogia de Yusuf (a tal trilogia ao contrário) é, na sua superficialidade, uma dissertação da reacção humana à morte do ente querido. Mais fundo, entranhado na consciência do poeta, e embora mergulhado em rituais e superstições religiosas, Yumurta é essa exploração do filho que vive longe da mãe e que, ao perdê-la, se auto-comisera e consciencializa do tempo perdido (com a mãe) que essa distância/ausência lhe causou. Kaplanoglu filma tudo com uma calma inaudita, gosta dos silêncios, das expressividades, dos olhares, dos gestos, coisas que dizem mais que mil palavras, coisas que nos fazem estar atentos aos detalhes, cinema na sua verdadeira forma ou simplesmente cinema do caralho, cinema contemplativo, naturalista, coisa minimalista e poética. Sublime.

4 comentários:

Roberto Simões disse...

Tem bom aspecto. Não conheço nem conhecia o cineasta.

Roberto Simões
CINEROAD

Álvaro Martins disse...

Já tinha falado aqui do segundo filme da trilogia, Süt, e estreou cá há dias o terceiro filme da trilogia, Bal em português Mel que vi ontem e adorei como este e o Süt. Aconselho ;)

Sam disse...

Da trilogia, ainda só vi o MEL. Tenho de "tratar" dos outros dois títulos brevemente.

Álvaro Martins disse...

Sam e João, aconselho os três eheh. Em breve falarei do Mel.