Abbas Kiarostami
Mossafer, retracto cuspido do realismo, estória simples dum miúdo que não quer nada com os estudos e só pensa no futebol. Da simplicidade nasce a irremediável aventura do tal puto que tudo faz para arranjar dinheiro e ir a Teerão ver a selecção iraniana. O que interessa, ou o que é realmente importante nesta história de ilusão infantil é a forma como Kiarostami (e forma que viria a “cunhar” o seu cinema) relaciona aquele realismo com o seu lirismo, coisa bela não só nesse relacionamento como no poder das imagens e da sua crueza. O que interessa é que esse lirismo em comunhão com o realismo acentua não só toda a noção daquele “mundo” em que aquele miúdo vive como a própria percepção deste nos seus actos, coisa culminada naquele final assombroso (e onírico) que diz tanta coisa. Grande Kiarostami.
1 comentário:
Tive que fazer um trabalho de montagem baseado na construção do ritmo e da manipulação temporal em Mossafer. Achei este filme uma coisa absolutamente tocante.
Enviar um comentário