João Botelho
João Botelho, cineasta do tudo ou nada, faz com A Corte do Norte aquilo que Oliveira faria, ou seja, ali é tudo Botelho a revisitar Oliveira. Não conheço o romance de Agustina Bessa-Luís, por isso não posso falar de hipotéticas fidelidades ou não à obra literária, nem me interessa discutir isso. Como obra cinematográfica A Corte do Norte é uma tragédia obscura, filme de época, que pisa terrenos Oliveirescos (e Viscontianos) onde o rigor estético dos décors, do guarda-roupa e da narrativa imperam. História de uma mulher ou o olhar sobre essa mulher e o que a sua conduta deixou de herança. Coisa romanesca, barroca, duma beleza hipnótica, tão perto do realismo como da fantasia ou do onirismo, atenção desmesurada aos planos e à sua disposição pictórica, o tal rigor da fotografia, da representação da teatralidade. A mise-en-scène.
3 comentários:
Pois, tirando a mise-en-scène, pouco mais se aproveita. E já o mesmo sucede no FILME DE DESASSOSSEGO...
Li o livro da Agustina, mas...do filme nem cheiro, e tanto gostava de o visionar.
Falas em Visconti e Oliveira, dum certo onirismo...e tanto gostava de o visionar; Brigadoon, que se tece com essas linhas, aínda não me saíu da alma, de tanto que se entranhou na pele.
abraço.
Ainda não vi o Brigadoon, aliás, tenho de me "dedicar" a Minnelli qualquer dia, até porque os filmes dele que vi já foi há muitos anos.
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