6 de junho de 2010

Sitcom (1998)



Em Sitcom temos um Ozon arrojado, preocupado em criar choque e controvérsia. Acima de tudo procura retractar as relações familiares (e extra-familiares) com um humor negro descomunal e perverso. Aproxima-se (mais nitidamente lá para o final) dum surrealismo macabro e sádico, revela em si um forte sentido de frieza cínica e alucinada. Ozon faz uma sátira bizarra à burguesia de forma ridícula, grotesca e surreal. Sitcom é um filme controverso sim, mas, antes de mais, é um grande filme.

7 comentários:

Back Room disse...

De Ozon vi duas curtas e o Le Temps Qui Reste, portanto não conheço esse cineasta do choque, da tal extremidade. Sempre achei estranha a sua inclusão nessa tendência no cinema francês, até porque o que vi é cinema mais contemplativo, de longuíssimos planos. Muito bonito.

Mas agora tenho curiosidade em ver este Sitcom.

Álvaro Martins disse...

O Le Temps Qui Reste ainda não vi, dele ainda só vi este e o Les Amants Criminels do qual ainda gostei mais (e na mesma onda deste).

Gosto muito do cinema contemplativo (Tarkovsky principalmente, mas também Tarr, alguns Sant, Zvyagintsev...), por isso também fiquei curioso para ver o Le Temps ;)

Quanto ao cinema choque (que a mim não me choca nada, mas isso já é outra história) resulta da sua queda para o sadismo, para a sua perversidade, grotesco e macabro. Resulta da sua abordagem a temáticas controversas como a homossexualidade, incesto, masoquismo, etc. Mas nada que se assemelhe, por exemplo, ao Dumont, esse sim cineasta verdadeiramente de choque. Ozon também envereda por esse caminho (dos que vi naturalmente) mas duma forma menos visual, menos explícita e mais romantizada, floreada (até porque aparte esse pormenor do choque são cinemas completamente diferentes).

Back Room disse...

Pois, tem a ver com os filmes que vimos. São diferentes, aparentemente.

O Le Temps Qui Reste aconselho, é um estudo de personagem muito humano.

Sim, eu uso o "choque" para identificar. É apenas um rótulo para aquilo que alguns acharam menos convencional. Do Dumont nunca vi nada porque, como já disse por aí, esta tal extremidade sempre me pareceu forçada, tal o número de filmes franceses que começaram a sair à voltas dos mesmos temas.

Álvaro Martins disse...

Vê Dumont. É, actualmente, o melhor cineasta francês.

Back Room disse...

Vou tratar disso então. Sugeres que comece por qual?

Álvaro Martins disse...

Pelo primeiro, La Vie de Jésus.

Back Room disse...

Vou fazer isso. :)