Há dias revi Rumble Fish (filme que apenas tinha visto uma vez, ainda em criança) e, embora sempre tenha (e falo do pouco que me lembrava) apreciado o filme, desde ontem que passei a considerá-lo uma obra-prima (talvez o melhor de Coppola, pelo menos um dos três melhores ao lado de Apocalypse Now e The Outsiders [opinião pessoal]). Porque, por muito que me recordasse que era um filme "irmão" de The Outsiders (Matt Dillon e Diane Lane repetem-se até nas suas personagens [mais Dillon do que Lane]), por muito que ainda tivesse na memória de que Rumble Fish é, sobretudo, uma estória sobre um jovem inadaptado ao mundo em que está inserido (ligação directa com o alcoolismo e ausência do pai, abandono da mãe, mas muito principalmente com o miticismo a que a sua figura [de herói, de líder] está associada no bairro [gangues, delinquência] e os simbolismos/misticismos alusivos a uma inadaptação inata ao mundo, à época e à sociedade ["herança" que a dada altura o pai refere que lhe foi deixada pela mãe]), aquilo que faz de Rumble Fish uma obra-prima eu já não me lembrava (nem na altura apreciei). Falo dos planos, dos enquadramentos, das sombras. A mise-en-scène (se assim lhe quisermos chamar) deste filme é completamente assombrosa (e Tetro nem lhe chega aos calcanhares por muito que se esforce). Mas Rumble Fish vive sobretudo dum sentido onírico, de diálogos brilhantes, metafóricos e simbólicos. Vive duma complexidade que o distingue do seu "irmão" (The Outsiders), vive duma linha narrativa arrojada, dum preto e branco que muito contribui para o tom negro e obscuro que acarreta. E mais que Rourke é Dillon a alma de Rumble Fish (como já o era também em The Outsiders [embora aqui tenhamos ainda C. Thomas Howell e Ralph Macchio para completar um trio fenomenal no que a interpretações diz respeito]). Bendita hora que resolvi rever (ou melhor, ver) Rumble Fish!
22 de junho de 2010
Rumble Fish (1983)
Há dias revi Rumble Fish (filme que apenas tinha visto uma vez, ainda em criança) e, embora sempre tenha (e falo do pouco que me lembrava) apreciado o filme, desde ontem que passei a considerá-lo uma obra-prima (talvez o melhor de Coppola, pelo menos um dos três melhores ao lado de Apocalypse Now e The Outsiders [opinião pessoal]). Porque, por muito que me recordasse que era um filme "irmão" de The Outsiders (Matt Dillon e Diane Lane repetem-se até nas suas personagens [mais Dillon do que Lane]), por muito que ainda tivesse na memória de que Rumble Fish é, sobretudo, uma estória sobre um jovem inadaptado ao mundo em que está inserido (ligação directa com o alcoolismo e ausência do pai, abandono da mãe, mas muito principalmente com o miticismo a que a sua figura [de herói, de líder] está associada no bairro [gangues, delinquência] e os simbolismos/misticismos alusivos a uma inadaptação inata ao mundo, à época e à sociedade ["herança" que a dada altura o pai refere que lhe foi deixada pela mãe]), aquilo que faz de Rumble Fish uma obra-prima eu já não me lembrava (nem na altura apreciei). Falo dos planos, dos enquadramentos, das sombras. A mise-en-scène (se assim lhe quisermos chamar) deste filme é completamente assombrosa (e Tetro nem lhe chega aos calcanhares por muito que se esforce). Mas Rumble Fish vive sobretudo dum sentido onírico, de diálogos brilhantes, metafóricos e simbólicos. Vive duma complexidade que o distingue do seu "irmão" (The Outsiders), vive duma linha narrativa arrojada, dum preto e branco que muito contribui para o tom negro e obscuro que acarreta. E mais que Rourke é Dillon a alma de Rumble Fish (como já o era também em The Outsiders [embora aqui tenhamos ainda C. Thomas Howell e Ralph Macchio para completar um trio fenomenal no que a interpretações diz respeito]). Bendita hora que resolvi rever (ou melhor, ver) Rumble Fish!
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Nunca antes um filme foi tão sublime, tão esplêndido. Magnífica obra-prima de Milos Forman que junta a melhor obra do realizador tal com...
11 comentários:
É um grande filme, sim senhor!
Já o The Outsiders considero bem inferior :)
Sem dúvida uma obra-prima. O meu preferido de Coppola.
Sempre gostei muito do The Outsiders Neuroticon. Já o vi n de vezes e cada vez que o vejo encontro sempre algo que nunca tinha visto, pequenos pormenores, sei lá. É um filme muito poético, muito lírico, mais do que este. O The Outsiders também tem planos e enquadramentos fabulosos. Acho que são similares, ambos obras-primas, do melhor que o Coppola já fez.
Manuela, o meu preferido é mesmo o The Outsiders mas este ocupa agora um lugar muito perto.
Acho que o Outsiders e este se complementam muito bem e o Outsiders, por acaso, também é o que eu prefiro, aliás acho-o tão experimental e radical como o Rumble Fish. Aquela inadaptação que vem não se sabe bem de onde, aqueles putos, aquelas cores vivíssimas e rasgantes...
O meu Coppola preferido, esse, é o "The Conversation", sem sombra de dúvida...
Concordo completamente João. Quanto ao The Conversation não posso falar porque nunca vi.
Ninguém gosta dessa obra magistral que é Apocalypse Now? :o
E que dizer da saga da família Corleone??
Para mim, The Conversation e Rumble Fish estão exactamente ao mesmo nível, hoje posso escolher um e amanha outro :)
João, obrigado :) e, vou arranjar o The Conversation o mais rápido possível ;)
Neuroticon, se leste o texto sabes que muito estimo o Apocalypse Now :p
Quanto ao Godfather, claro que também gosto, aliás, são os 3 grandes filmes, mas para mim, são inferiores a Apocalypse Now, a Rumble Fish, a The Outsiders e até ao Cotton Club. São mais cinema de autor, mais arte por assim dizer (se é que me faço entender). Acho os Godfathers (exceptuando o primeiro), embora muito bons, filmes muito hollywoodescos, mega-produções para os óscares. Nesse registo, prefiro muito mais o Once Upon a Time in America.
Nao concordo nada!
Talvez concorde no 3º, mas os primeiros dois são absolutamente incriveis a todos os níveis :)
O Cotton Club é que ainda não vi...
Vê o The Conversatio que acho que vais gostar ;)
Bela sequência de imagens. Também é dos meus preferidos de Coppola.
Obrigado Victor. É um grande filme sem dúvida.
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