21 de maio de 2024


 

Canción sin nombre [Melina León, 2019]


ainda que se registem alguns lugares-comuns e desnecessários, canción sin nombre, baseado num caso verídico, é coisa arrojada e admirável, tem um tom quase que expressionista, onírico, é contido e não se perde na sua morosidade, no seu virtuosismo (ou estilismo) nem na sua contemplação; o filme de melina león é um lamento corrosivo e político-social, carrega consigo os ritos e a etnografia dos indígenas peruanos bem como a melancolia que está sempre associada ao ritmo do filme, assim como a sua cinematografia e o preto e branco têm ligações tanto com a burocracia e a corrupção que por ali se expõe, como com a marginalização e o preconceito para com a etnia indígena, é tudo sombrio e a cineasta peruana parece dizer-nos que não há cor naquele país em crise sócio-económica.

 






(um top 5 - a ordem é cronológica, não de importância) 




The King of Kings [Cecil B. DeMille, 1927] 
King of Kings [Nicholas Ray, 1961] 
Il vangelo secondo Matteo [Pier Paolo Pasolini, 1964] 
Il messia [Roberto Rossellini, 1975] 
Histoire de Judas [Rabah Ameur-Zaïmeche, 2015]

13 de maio de 2024


 

| a sacralidade da natureza | 


 La panthère des neiges [2021, Marie Amiguet * Vincent Munier] 


 a "caça" ao leopardo das neves, sendo esta caça a espera para o fotografar, resulta num filme onde o métier do fotógrafo é exposto ou analisado, como um roteiro do que o move e o faz ficar horas camuflado, sob a neve ou a chuva ou o sol, aguardando a aparição do tão aguardado leopardo; entretanto filmam-se os outros animais, regista-se essa sacralidade da natureza e da comunhão dos animais selvagens com ela, a natura, a simbiose que o ser humano perdeu com o progresso; de resto, o filme incorre num festival de planos e panorâmicas de beleza magnífica e indescritível mas que pouco abonam em seu favor, funcionando mais como instrumento publicitário e panfletário (e a semelhança com os documentários da national geographic é total e absoluta) do que propriamente objecto cinematográfico.

1 de maio de 2024










2022, Le rêve et la radio, Renaud Després-Larose e Ana Tapia Rousiouk 


    | cosmologia cinéfila, política, filosófica e social | 



"One must not begin with individuality in freedom, not with the singular self-consciousness, but only with its essence, for this essence, whether the individual knows it or not, is realised as an independent force in which individual beings are merely moments." 
Hegel


"You cannot buy the revolution. You cannot make the revolution. You can only be the revolution. It is in your spirit, or it is nowhere." 
Ursula K. Le Guin 


 "Societies in decline have no use for visionaries."
Anaïs Nin