15 de junho de 2010

Postia Pappi Jaakobille (2009)







Em Postia Pappi Jaakobille (em português Cartas Para o Pastor Jacob), encontra-se (além de toda a obscuridade da história de Leila que só se revela no final mas que assombra desde o início) uma paz imperturbável. Uma paz que advém não só da forma de filmar e do ritmo que Klaus Härö imprime à narrativa, mas também das interpretações dos dois personagens principais. Postia Pappi Jaakobille é uma pequena (pouco mais de uma hora de filme) obra de arte. Cinematograficamente irrepreensível, belo, tem planos assombrosos.

Cartas Para o Pastor Jacob traz uma forte crença na humanidade, uma fé inabalável. Mesmo no meio de toda aquela tristeza, mesmo pisando terrenos obscuros, ritos de velhice e definições dum sentido da vida, Postia Pappi Jaakobille reclama paz e uma fé não só em Deus mas na humanidade. Aquele velho sacerdote cego (que é o mesmo que dizer Jacob) é tudo o que Härö quer transmitir no filme. Porque, embora no final Leila alcance a redenção, isso deve-se a Jacob. Porque Jacob é, por assim dizer, uma figura utópica. Se todos os padres tivessem metade da fé e da dedicação à humanidade que a figura de Jacob mostra, talvez tivessemos um mundo melhor, uma mentalidade melhor (divagações "teológico-religiosas" que extravasam sentimentos alheios - embora relativos - à grande questão que é a qualidade inegável do filme). Porque Jacob afigura-se altruísta, simples no seu quotidiano, crente numa "missão" de servir Deus. Aquelas cartas são para ele tudo o que o prende à vida. Sem a necessidade de responder àquelas cartas, sem a "missão" de ajudar quem lhe escreve, a sua vida não faz sentido, a sua existência deixa de ser necessária. E mesmo no fim, imerso na tristeza que emana do que sucede, Postia Pappi Jaakobille deixa a sua mensagem de fé, a sua crença na humanidade. Cartas Para o Pastor Jacob é um pequeno grande filme. Brilhante.

2 comentários:

Filipe disse...

Vi o filme à cerca de 15 dias e hoje, por coincidência, encontrei esta crítica aqui... Bem, o modo mais simples de resumir a minha opinião é dizer que concordo plenamente com todo o texto... "Postia Pappi Jaakobille deixa a sua mensagem de fé, a sua crença na humanidade." Uma ideia tão simples, um argumento tão "básico" mas que ganha na tela uma força descomunal. E os 2 actores têm interpretações soberbas. Perderia este pequeno pedaço de arte se não tivesse decidido ver vários filmes que estiveram pré-nomeados ao Óscar de melhor filme estrangeiro no ano passado... Este e o sueco Involuntary foram as maiores surpresas!

Álvaro Martins disse...

Ainda bem que falas nesse sueco. Saquei-o na altura deste mas depois nunca mais me lembrei de o ver.