27 de abril de 2010

The Limits Of Control (2009)






























The Limits of Control é um enigma para solucionar, um assassinato para cumprir. Um exercício de cinema. Mas tudo muito profissional, muito organizado. A forma perfeita de matar alguém, o crime perfeito. E a forma como Jarmusch cria o personagem de Bankolé é exímia, como que a satirizar o herói americano (a forma como Bankolé caminha, como age, a série de rituais por quais se rege e que definem não só o filme como o personagem – o pedir sempre os dois cafés em chávenas separadas, o comer o papel logo depois de o ler, o diminuto (quase nulo) diálogo com os seus contactos – e o absurdo que as situações acarretam). Silencioso, sisudo, concentrado e observador. A dada altura uns putos seguem-no até que lhe perguntam: “és um gangster americano” ao que ele responde “não”. Mas é-o, e mais, é-o estereotipado, mitificado. Por isso logo a desconfiança por parte dos putos.

The Limits of Crontol extravasa sobretudo arte e cultura. A pintura (cada quadro que Bankolé vê – um por dia – define o momento que está prestes a acontecer, define o enigma que está por resolver. E aqui a relação espaço/tempo vincada em cada momento no qual Bankolé visita o Museu da Rainha Sofia, em cada momento no qual aquele homem solitário visita um quadro por dia.); a arquitectura com todos os planos dos edifícios/monumentos/museus de Madrid e posteriormente de Sevilha; a música quando visita aquele bar em Sevilha onde pela primeira vez vemos Bankolé sorrir; e o cinema nas várias conversas (ou diria monólogos já que ele se limita a responder não à pergunta “Usted no habla español, verdad?” – “o código”) com os seus contactos, onde primeiro se fala de The Lady From Shanghai (por Tilda Swinton) e posteriormente num filme finlandês (por John Hurt). E a arte introduz-se dentro do enigma, participa desse enigma, ou melhor, evidencia indícios para a resolução desse enigma. Grande filme.

5 comentários:

Manuela disse...

Jarmusch no seu melhor!Vi-o no cinema, numa sala com meia dúzia de pessoas. A crítica também não foi muito favorável na altura...

Tiago Ramos disse...

Só pela fotografia e simbolismos o filme vale a pena. Jim Jarmusch e Christopher Doyle criam um enigma fantasticamente bem recriado, com um elenco de actores excepcional.

Álvaro Martins disse...

Manuela, não diria no seu melhor (gosto muito do Dead Man e do Down By Law), mas certamente um dos seus melhores.

Tiago, vale por tudo. Pelos silêncios, pela arte que emana, pelos planos que Jarmusch apresenta, por tudo.

Álvaro Martins disse...

Exactamente João :)

Unknown disse...

Achei o filme horrível e arrastado. Poderia ter os planos e a fotografia mais linda (o que não é o caso), mas a repetição de cenas chega a enjoar e o roteiro não encanta.