12 de abril de 2010

A propósito de Ruínas

Quem conhece Manuel Mozos das suas longas de ficção (a mais recente das quais, "4 Copas", esteve em salas no Verão) irá ficar surpreendido com este curto filme-ensaio.

Viagem emocional ao espaço do "Portugal profundo" esquecido do tempo, "Ruínas" consiste de uma sequência de imagens de ruínas de espaços públicos ou cívicos, ilustradas por uma banda-sonora atmosférica e por vozes off que parecem surgir do fundo dos tempos, lendo textos que pertencem a outras eras. Memórias, instruções, relatórios, canções, correspondências, que podem ou não corresponder às imagens do restaurante Panorâmico de Monsanto, dos teatros do Parque Mayer, da barragem do Picote, da estação de comboios de Barca d''Alva. Sem narrativa nem lógica, sem nostalgias serôdias de "antes é que era bom" nem poesias elegíacas da "pérola a porcos". "Ruínas" é apenas um pequeno registo desapaixonado da erosão do tempo, como quem constata um facto, com a ironia distante de quem sabe o que estes sítios significaram e o modo como o tempo se encarregou de lhe trocar as voltas. Um retrato do tempo que passou sobre estruturas que em tempos foram úteis e que hoje estão abandonadas, símbolos mudos de um Portugal que já não existe - ou que talvez nunca tenha existido.


Jorge Mourinha


3 comentários:

João disse...

Já viste?

Flávio Gonçalves disse...

Acho que o filme, perto de mim, está no Teatro Campo Alegre. Não o queria perder, mas está difícil :(

Álvaro Martins disse...

Não João, mas a vontade é muita.