Sergei Dvortsevoy
Tulpan é um filme lírico dentro da sua estrutura neo-realista. História de utopias, de ilusões cosmopolitas. Auto-descoberta pessoal que tem lugar num pedaço de terra árida e ventosa no Cazaquistão. Vidas solitárias e lutadoras, labutas diárias em processo de subsistência, ritos secos e crus daquela gente, daquela paisagem árida e poeirenta, daquela condição meteorológica. Tulpan, filme de canções, de costumes e tradições. Postura cinematográfica próxima de um estado rudimentar, procura crua (e iluminada pelo sol) do dia-a-dia daquela família. Tulpan é um conto de um país (porque no fundo, antes de ser um filme dum homem, é filme de um país, dos seus costumes, da sua terra, das suas condições). Tulpan é isso, filme da terra, do vento, da poeira, dos homens, das suas raízes, da sua luta diária pela sobrevivência, pelo seu sustento. E ali, no meio do nada, cercado pelos terrenos extensos e empoeirados (assolados constantemente por remoinhos de vento), regressa à terra um marinheiro que ali se sente como um estrangeiro. Mas a ambição é de começar, de ter a sua terra, de ter o seu rebanho. Isto é a premissa da história de Asa, o propósito de haver história. O desejo de casar com Tulpan (única solteira por aquelas bandas) é imposto por essa premissa, por essa ambição. E daí resulta o seu sentido poético, lírico e utópico. Mas naquela história de redescoberta interior o mais importante é a beleza das imagens, dos ritos e das acções. A sua secura, a quase crueza das imagens. A simplicidade de filmar uma história.
3 comentários:
Estou em ganas para ver isto! :)
É muito bom :)
Tenho há imenso tempo no computador para o ver, cheguei mesmo a começar a vê-lo por 2 vezes (uns 10 minutos) mas em ambos os casos não pude prosseguir e depois acabei por não regressar a este por ainda não estar dentro da história... Vou ver se à 3ª é de vez...
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