Um filme de Eric Rohmer
“Triple Agent” traz-nos uma história ficcional baseada em acontecimentos verídicos. Rohmer envereda aqui pelo mundo da espionagem.
Paris, ano de 1936. Fiodor (Serge Renko) é um general do exército czarista que, após a Revolução Bolchevista, se refugia em Paris com a sua esposa Arsinoé (Katerina Didaskalou), uma pintora grega. Fiodor é membro da Federação dos Antigos Combatentes Russos “brancos” ou mencheviques, os opositores dos “vermelhos” ou bolcheviques que tiveram como seu líder o célebre Lenine. Nesta corporação, Fiodor desempenha um papel de espião, em constantes viagens secretas a Bruxelas e Berlim. Durante essas viagens, a sua mulher Arsinoé fica sozinha, mergulhada nas suas incertezas quanto ao verdadeiro carácter e convicções políticas e ideólogas de Fiodor, ocupando-se especialmente da pintura e tendo como companhia uns vizinhos comunistas com os quais discute pintura. É a partir daqui que Rohmer nos mostra a sua genialidade, a sua moralidade, o seu dom da palavra. Ele faz um filme histórico, por mais que o tente negar, político e moralista. “Triple Agent”, em português “Agente Triplo”, reflecte na mentira, na dualidade da palavra, na ideologia e na racionalização de uma época. Rohmer pouco nos conta sobre as ideologias de Fiodor, sobre as suas actividades secretas. O pouco que sabemos advém das suas confissões a Arsinoé. Mas Rohmer fá-lo propositadamente, fá-lo para nos prender ao ecrã. “Triple Agent” é um filme sobre espiões onde a espionagem está em segundo ou até terceiro plano. Rohmer preocupa-se com diálogos, com discussões filosóficas e moralistas. Para o cineasta a acção pouco importa, a palavra é essencial.
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