Um filme de Paulo Morelli
Fernando Meirelles, o tal que revolucionou o cinema brasileiro com o grande sucesso “Cidade de Deus” (e que agora anda por Hollywood a fazer adaptações de Saramago), criou em 2002 umas das séries mais vistas no Brasil, “Cidade dos Homens”. A partir dessa série, Paulo Morelli (nome desconhecido até então) decidiu fazer um filme. E fez isto. “Cidade dos Homens”, mais do mesmo, mais de um género/estilo que surpreendeu com “Cidade de Deus” (2002), “Carandiru” (2003), “Cidade Baixa” (2005) e até “Tropa de Elite” (2007), mas que desilude com este “Cidade dos Homens”. E porquê a desilusão? Porque Morelli volta “a bater na mesma tecla”. Volta a reincidir nos temas já explorados como o crime, a amizade, a degradação e a pobreza das favelas. Mas nem só de desilusão vive o filme. Morelli fala da orfandade, da falta do pai numa sociedade decadente, num mundo onde essa ausência paternal é desculpa para os caminhos sombrios que guiam ao crime milhares de jovens. E o cineasta brasileiro cria um filme “maquilhado”, que ao mesmo tempo se aproxima do seu “pai” (“Cidade de Deus”) e que, com a força com que se aproxima é com a força com que foge. É essa “maquilhagem” que o faz fugir de “Cidade de Deus”, essa “anti-crueza” que perfaz todo o filme, essa dureza artificial à boa maneira de Hollywood que decepciona. Morelli tenta fazer um filme distinto e que siga o estilo já referenciado, mas na verdade cria um filme “pop”, comercial e corriqueiro.
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