Um filme de Gabriele Salvatores
"EM TEMPOS COMO ESTE A FUGA É O ÚNICO MEIO DE MANTER-SE VIVO E CONTINUAR A SONHAR." (Henry Laborit)
Mais um filme que vi em tenra idade e que me deixou marcas, que me fez ser um confesso apaixonado pelo cinema italiano até mais do que por outro qualquer. “Mediterraneo” é um filme belo, de uma beleza indescritível, de uma beleza só alcançável no cinema italiano, só comparável a filmes como “Nuovo Cinema Paradiso” e “Màlena” de Tornatore. É mais que um filme, é um hino à beleza, à tranquilidade, à vida. Gabriele Salvatores traz com “Mediterraneo” uma mensagem anti-guerra, uma conotação que exalta a paz.
Antes de me alongar, convém mencionar a história desta obra singela e magnífica. Corre o ano de 1941, o tenente Raffaele Montini (Claudio Bigagli) lidera um grupo de soldados italianos que são enviados numa missão a Mighisti, uma ilha grega perdida no Mar Egeu. Como diz o tenente e narrador do filme, Importância Estratégica: Zero. Ao princípio, a ilha está deserta. Ninguém parece habitar as casas da ilha. Depois de montarem um posto de observação, o rádio é destruído por Gigio (Eliseo Strazzabosco) que, depois de a sua mula ser morta por engano, atira com o rádio pela colina abaixo. Sem rádio, sem comunicação com o mundo exterior e, sendo assim, sem notícias da guerra, este grupo de militares vai construir o seu dia-a-dia numa ilha grega maravilhosa do Mediterrâneo. Vão adaptar-se ao novo quotidiano (sem dificuldade). Nicola Lorusso (Diego Abatantuono) assume o comando visto o tenente começar a partir daí a dar importância à pintura da igreja local. Depois, aparece Vassilissa (Vanna Barba numa beleza infindável), uma prostituta que passa a ocupar alguns dos soldados e o próprio Lorusso. Mas Farina (Giuseppe Cederna) vai-se apaixonar por ela...
Salvatores não faz um filme político ou de guerra, nem por sombras. Pelo contrário, Salvatores cria uma fábula onde fala de amor, de paz, de vida, de arte, do quotidiano, do ser humano. O azul do Mediterrâneo perfaz o ecrã durante o filme inteiro dando-lhe toda a essência. A fotografia do filme é lindíssima. “Mediterraneo” tem um desenvolvimento narrativo ténue, nem lento nem apressado, perfeito. E a banda sonora é fantástica. Tem momentos cómicos, diálogos hilariantes e outros mais filosóficos. É uma ode à vida, sem dúvida. A frase de Laborit é bem elucidativa da intenção de Salvatores quanto à mensagem de “Mediterraneo”. Embora largados numa ilha perdida, este grupo de militares italianos é a imagem de uma “rebeldia” contra o regime, contra a guerra, contra um ideal que não é o deles. São o retracto de uma minoria que sonhou, de alguns que preferiram ser cobardes do que morrer. Porque o mais importante é viver, porque as guerras nunca são benéficas, nunca têm justificação. Como diriam os italianos, “Mediterraneo” é bellissimo.
5 comentários:
Nunca o vi, mas já tinha ouvido falar muito bem do filme. Obrigado pela lembrança, vou tentar encontrá-lo!
Vê que não te arrependes. :)
Um professor pôs-se a falar deste Mediterrâneo, para mim,ontem mesmo. É uma feliz coincidência ler sobre ele aqui. Vou atrás.
Um dos filmes mais deliciosos de todos os tempos. Também o vi em miúda e nunca mais o esqueci. Acabei de revê-lo agora.
É dos filmes mais deliciosos.Também o vi em miúda e nunca mais me esqueci dele. acabei de revê-lo agora. Esqueceste-te de mencionar que o filme é, também, um hino à amizade.
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