5 de maio de 2009

Le Signe du Lion (1959)

Um filme de Eric Rohmer







Se “It’s a Wonderful Life” é a obra-prima de Frank Capra, “Le Signe du Lion” ocupa o mesmo estatuto na filmografia de Rohmer. Primeira longa-metragem de Rohmer e logo uma obra-prima desta natureza. Filme com uma magnitude sem tamanho, num código moralista perturbador, duma filosofia humana que impressiona e que atrai o espectador para a vida daquele homem, para o abismo em que mergulha. Nada que se assemelhe àquele Rohmer de "Ma Nuit Chez Maud" ou dos "Six Contes Moraux", àquele Rohmer filosófico e psicológico, àquele Rohmer das conversas fluentes que faz lembrar Bergman e o seu existencialismo. "Le Signe du Lion" é esse Rohmer moralista numa obra mais à americana, num filme mais corrente, não tão introspectivo e filosófico mas narrativamente mais apelativo. Contudo, filme irrefutavelmente avant garde com toda a moralidade de Rohmer, que não tão evidenciada, está lá. Em cada take, em cada cena, Rohmer reclama essa moral, essa questão humana que Pierre Wesselrin detém, essa forma de viver que o devasta. Mas depois, tal Capra e seu “It’s a Wonderful Life”, a sorte sorri-lhe novamente, porém numa conclusão de que a sorte nem só sorri aos audazes. E a tal moralidade de Rohmer grita mais alto quando, tal como Ferrara com todo o seu pessimismo, Pierre volta a cair no mesmo erro e, num final enigmático tal e qual ao início, somos confrontados com uma moral pessimista de Rohmer. De mestre.

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