29 de dezembro de 2009

We Own The Night (2007)


Há tempos vi o We Own The Night do Gray.
Foi, e que achaste?
Sei lá… o Two Lovers é melhor, mais maduro. Há algo ali que não deixa o filme extravasar, percebes? É como um arquitecto que por mais habilidade que tenha nunca chega a pintor. Entendes?
Mais ou menos. Mas porque dizes isso?
Ó pá, eu gostei do filme. A sério que gostei. A luz, as sombras, a câmara… o Two Lovers vem a dar seguimento a este nesse aspecto. Tanto num como no outro ele filma magistralmente a noite. Mas falta ali algo, falta mais vida, mais paixão. Não sei se me estou a fazer entender. É estranho mas sinto que o Two Lovers conseguiu o que o We Own The Night não alcançou. São os dois classicistas mas o We Own The Night perde-se na história, perde-se na moralidade americana. Não consigo olhar para o filme sem lembrar da hegemonia americana. Já te confundi não?
Um bocado, mas sei onde queres chegar. Presumo que te refiras ao facto de ser um filme policial, um pouco de Cop Land misturado com The Departed não?
Visto assim… nem tinha pensado no The Departed mas o Cop Land é visível por demais. Sim, é essa historiazinha de polícias que me decepciona. Mas o filme em si é óptimo. Gray é muito americano, muito classicista na maneira de filmar, no ambiente, nas sombras. Há algo de Ford e de Ray em Gray. É surpreendente. Mas a história não me convence.
Mas tens de admitir que a história está bem construída mesmo não gostando do tema.
Sim. Bem, este e o Two Lovers beneficiam disso, dessa condução narrativa de Gray. E depois, os planos. Mas falta-lhe algo, falta-lhe mais carisma percebes? Falta uma identidade mais forte, falta o distanciamento de Hollywood que Gray não quer perder. Sei lá. É bom mas podia ser melhor, tinha potencial para ser melhor mas perde-se, pára ali. Não sei como explicar.

4 comentários:

João disse...

Apesar de ser um grande filme, Two Lovers para mim é melhor. Acho que conseguiste resumir tudo o que eu sinto por este filme neste teu post.

Há algo na narrativa que não me agrada, previsível e sinto que seguiu o caminho mais fácil. Mas sinceramente o que mais gostei foi mesmo da realização, Adorei o trabalho de Gray. É um grande cineasta, e a forma como filma a noite não há muitos no cinema americano actual a fazê-lo tão bem. Repara ainda em todo o ambiente da discoteca, na forma como a câmera se move e capta as pessoas. Em Two Lovers isso também acontece. Não sei se viste The Yards, mas também te aconselho, considero-o superior a We Own the Night.

Fernando Ribeiro disse...

Também concordo. O 'Two Lovers' é melhor. Diria mais, às vezes, o 'We Own the Night' até passa por telefilme. Foi a sensação que fiquei quando o vi.

Álvaro Martins disse...

João, não ainda não vi o The Yards. Mas qualquer dia trato dessa falha.

Fernando, percebo o que queres dizer, mas eu não vou tão longe.

Paulo Soares disse...

Gosto bastante dos dois filme. No entanto, "Two Lovers" é superior.

"Falta uma identidade mais forte, falta o distanciamento de Hollywood que Gray não quer perder."
Não concordo. O Gray não têm hipótese de fugir a Hollywood, porque "depende" dela para fazer os seus filmes. Por alturas da estreia de "Two Lovers", ele próprio confessou que este filme têm mais de James Gray de que os anteriores. O outros filmes tinham uma certa vertente aplativa que surgem em consequência de ele precisar de orçamento para os seus filmes. Apenas em "Two Lovers" é que não houveram condicionamentos. Ele pôde dirigir o filme sem "artifícios" para a maioria dos "amantes" de cinema de Hollywood.