14 de abril de 2009

Requiem For A Dream (2000)



“Requiem For A Dream” é uma obra perturbadora e chocante sobre o mundo dos viciados. O vício é o herói principal do filme, seja a droga pura (heroína), a TV ou os medicamentos, que conduz as personagens do filme a uma procura do mundo ideal que é destruído ao longo do filme pela dura realidade e pelo caminho que estas escolhem. É um filme extremamente pesado, duro e, portanto, não é fácil de ver nem de digerir por muitas pessoas. É um filme muito real, cru e devastador. Jared Leto encarna Harry, um jovem que juntamente com Marion (Jennifer Conelly), sua namorada e Tyrone (Marlon Wayans) entram no tráfico de droga a fim de ganharem dinheiro e realizarem os seus sonhos. Harry deseja comprar uma loja de roupa para Marion e Tyrone anseia tornar-se num homem respeitável. Além deles, a mãe de Harry, Sara Goldfarb (Ellen Burstyn), sonha em aparecer na televisão, no seu programa preferido. Aquando duma oportunidade, faz tudo para emagrecer e conseguir vestir um vestido vermelho que tinha levado ao baile de finalistas do seu filho. Para isso, ela tenta de tudo, desde anfetaminas a estimulantes e tranquilizantes. Ao longo do filme, Aronofsky retrata-nos um percurso abismal destas quatro personagens que se vão auto-destruindo até não terem mais nada além do vício, até todos os seus sonhos e objectivos se tornarem utopias.
Aronofsky, cineasta desconhecido do público português até há bem pouco tempo (ainda há muita gente que nunca ouviu falar nele), traz-nos uma obra electrizante, à semelhança do que acontece no seu primeiro filme, “PI”. Além de montar o filme com cenas muito curtas, ele alterna muito rapidamente as cenas intensas ou electrizantes com cenas mais calmas, isto tudo acompanhado por uma banda sonora magnífica de Clint Mansell, que embora agressiva vai crescendo intensamente consoante as emoções das personagens. Aronofsky procura envolver-nos ao máximo com as personagens, de tal forma que, o desenrolar da acção do filme nos deixa completamente presos ao ecrã à espera do final. Final esse que, além de todo o filme ser completamente perturbante, chocante e até sádico, nos deixa completamente extasiados, sem conseguir falar até, reflectindo não só no filme mas em toda a realidade que o filme acarreta. É sem dúvida o melhor filme de Darren Aronofsky, uma portentosa obra de arte que, graças ao estilo de realização e montagem deste senhor, nos leva ao limite das nossas sensações, angústias, medos e emoções.
“Requiem For A Dream” é perfeito.


10 comentários:

Anónimo disse...

"Perturbante e chocante", sem dúvida! Um murro no estômago que me deixou completamente K.O. na tarde em que o vi. Um testemunho fortíssimo de como o vício leva as pessoas a situações terrivelmente desgastantes e degradantes. Bem diferente do mais recente "Wrestler", que vive essencialmente da figura de Mickey Rourke, se bem que o topos da decadência seja comum aos dois filmes.

CAMP

Álvaro Martins disse...

Não acho que o The Wrestler viva essencialmente do Mickey Rourke. Ele tem uma interpretação brilhante, não há como negar, mas o estilo de realização, a montagem do filme e a linha narrativa do filme são detalhes à Aronofsky e tal como Requiem, Pi ou The Fountain é um grande filme. E as interpretações da Rachel Wood e da Marisa Tomei também estão muito boas. The Wrestler é o filme mais fraco dos 4 dele, é verdade, mas não deixa de ser um bom filme.
Requiem For A Dream é o melhor filme dele para mim, é perfeito mesmo. Desconfio que Aronofsky nunca mais irá fazer um filme tão bom.

Abraços

Unknown disse...

Para mim continua a ser o melhor Aronofsky! Espantosa montagem, interpretações e banda sonora.

Argonauta disse...

tenho cá em casa para ver, mas ainda não vi, eh eh este é o filme que tem a música que transforma qualquer imagem em épico.

Álvaro Martins disse...

Victor,

estamos inteiramente de acordo.

Argonauta,

aconselho-te a vê-lo o quanto antes porque é mesmo uma obra-prima.


Abraços

Anónimo disse...

À parte continuar a achar que vive sobretudo da interpretação de Rourke, também gostei muito do "Wrestler". Sim, é bem possível que a "linha narrativa" seja do mesmo estilo. Vou ter de conhecer mais Arofsky para comparar devidamente. Para além destes, só vi "The Fountain", cuja personagem interpretada pelo Hugh Jackman me encantou, assim como alguns dos cenários. Bem poético!

CAMP

Álvaro Martins disse...

The Fountain também é muito bom, muito poético como disseste, lírico, filosófico e utópico.

Quanto ao Pi, o que te falta ver, aconselho-te vivamente. É eléctrico como o Requiem For a Dream e utópico como o The Fountain. É a preto e branco.

O Requiem for a Dream e o The Fountain são os melhores do cineasta mas este Pi também é muito bom. É melhor que o The Wrestler.

Abraços

Filipe Machado disse...

Este filme e mais uma prova de que a filmografia de Aronosky e intocavel! Falta-me ver somente o The Wrestler.

Roberto Simões disse...

Publicar 3 críticas seguidas, referentes a CINEMA PARAÍSO, LARANJA MECÂNICA e A VIDA NÃO É UM SONHO só revela, a meu ver, uma coisa: muito bom gosto cinematográfico.

3 obras-primas obrigatórias.

CUmps.

Roberto F. A. Simões
CINEROAD

Álvaro Martins disse...

Filipe,

Aronofsky é já um grande realizador. Tens que ver o The Wrestler. Não é tão bom como este, mas é um grande filme.

Roberto,

obrigado pelo elogio. Concordo plenamente contigo, são 3 obras primas obrigatórias.


Abraços