Um filme de Joel Coen
Vamos por partes. A história centra-se no ano de 1949, num barbeiro pouco comunicativo que, claramente não está satisfeito com a vida que leva, limitando-se a vivê-la, a observar tudo e todos à sua volta. E esse barbeiro é um Billy Bob Thornton fenomenal, numa interpretação fantástica que enche o ecrã. Depois temos a sua mulher, Frances McDormand na sombra de “Fargo” (1996). Ed Crane (Thornton) e Doris (McDormand) são um casal frio, distante e muito pouco ou nada comunicativo. Na verdade, Ed é visto por Doris como um idiota. Depois temos Frank (Michael Badalucco), cunhado de Ed e dono da barbearia onde este faz dupla com ele. Enquanto Ed é calado, Frank fala pelos cotovelos. Mas Ed é resignado, paciente e pensativo. Enquanto este é barbeiro, Doris é contabilista nos armazéns Nirdlinger. E Doris teve um caso com o patrão (James Gandolfini). Mas Ed apercebe-se desse facto sem que isso o afecte emocionalmente, porque o casamento é só de fachada. Depois aparece um Zé-ninguém com falinhas mansas chamado Tolliver (Jon Polito) e alicia-o com um hipotético negócio da china que o fará mudar de vida. Mas para isso tem que arranjar dez mil dólares. Basicamente é isto, o resto é contar muito para quem não viu.
“The Man Who Wasn’t There” não foge à regra de tudo o que os Coen nos têm habituado. Aqui, eles regressam ao film noir, ao crime e todas as situações hilariantes e embaraçosas que nos habituaram desde “Blood Simple” (1984). Tecnicamente o filme é espectacular, filmado a preto e branco e com uma iluminação portentosa onde os jogos de luz e sombra funcionam na perfeição. Cínico, negro e frio, assim se define o filme. Aliás, assim se define quase todas as obras dos Irmãos Coen. E este não foge dessa vertente, ao contrário do que acontecera com “The Big Lebowski” de 1997, onde os Coen enveredam por uma comédia mais ligeira e onde fogem bastante do film noir. Aqui não, aqui eles mostram toda essa capacidade de criar as mais hilariantes situações encadeadas por acontecimentos irónicos e, podemos dizê-lo, azarados.
Muito bom.
7 comentários:
Ainda não vi... também não tenho muita curiosidade. É daqueles filmes que talvez se atravessem no meu caminho...
Cumps.
Filipe Assis
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Grande filme. Uma visão à irmãos Coen e este é sem dúvida um dos seus melhores filmes. Grande destaque para Billy Bob
Filipe,
vê que deves gostar. Muito bom mesmo.
Fernando,
Sem dúvida, filmaço.
Abraços
Quando o vi maravilhei-me. Mas primeiro tive de recuperar do sopapo que é assistir à interpretação do Billy Bob Thorton.
É um dos meus preferidos dos Coen.
A parte mais ruim será o facto de ser mais mexido por causa de a menina Scarlett integrar o cast do que por qualquer outro motivo =x
Sim, o Billy Bob está completamente brilhante.
Quanto à Scarlett...só pela carinha laroca já vale a pena :)
Este filme é brilhante! Tenho duas cópias e empresto a toda a gente que me aperece à frente. Só quero que toda a gente o veja. Penso que conseque equilibrar de forma perfeita a estética, o humor, a tensão e a inteligência!
Billy Thorton é um ator que não me desce.
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