A expectativa era enorme à partida para ver este filme. Dos textos que havia lido, todos eles o referenciavam como um grande filme, um dos melhores de 2008. E a verdade é que nenhum deles se engana, a verdade é que é um filme fenomenal. Um drama romântico clássico que Gray filma magistralmente. Um Joaquim Phoenix portentoso, fabuloso e Paltrow a…impressionar.
Mas é todo o classicismo que preenche o filme, todo o ambiente que James Gray cria desde o início do filme que nos prende à obra. Todo o desenvolvimento em tons de negro num caos hipotético que é criado dá a ideia que a história vai acabar mal, o que não é necessariamente mentira, dependendo do ponto de vista. Mas Gray cria uma mente instável e que nem ela própria sabe o que fazer, que caminhos tomar, porque o amor é aqui o grande âmago da história. E se a história é banal, porque o é, a forma como é narrada, a mão de Gray transforma-a numa história emocionante e tocante. Porque o filme nunca cai em lamechices, porque apesar de Leonard passar à frente da tela quase o filme inteiro, porque apesar de Leonard tentar o suicídio logo no inicio do filme, apesar de toda a instabilidade mental e emocional (no inicio os pais falam em doença bipolar), apesar de quando rejeitado ele se desfazer em lágrimas, apesar disso tudo Gray nunca nos leva a um ambiente lamechas, ao típico ambiente novelístico do coitadinho que sofre por amor. Não, aqui ele envereda por outra vertente, aqui ele fecha uma porta mas abre outra (relativamente a Leonard), aqui ele não cai no facilitismo de encontrar a tragédia que vai assolando o filme desde o inicio e cria uma história mais real, menos melodramática, mais credível. E aqui não há final feliz nem trágico, há o final apropriado, o final mais real e credível para o senso comum, o final que nos deixa satisfeitos porque era o que nós faríamos. E o amor é isso, é tentar tudo por ele mas parar quando se percebe que não há mais nada a fazer. E é esse realismo sem ser exasperado que faz de “Two Lovers” um filme magnífico. São os planos magníficos que Gray filma que enaltecem a obra, a simplicidade de uma beleza ímpar de Gray filmar os pormenores, os detalhes para uns desnecessários que Gray prova serem necessários. É a beleza de Gray contar uma história de amor de modo arriscado mas competente, de modo a não cair nos clichés, de modo a fugir ao mainstream, de modo a retirar o que de melhor um actor pode dar ao filme. Porque há realizadores que têm essa capacidade, esse dom de conseguirem arrancar uma portentosa interpretação a um mediano actor (o que não é o caso). E Phoenix transcende-se, mergulha na interpretação de uma vida e dá corpo a Leonard de um modo de tal apaixonante que sem ele o filme não alcançava tal proeza.
E a instabilidade emocional de Leonard oscila entre o amor obsessivo e incerto mas explosivo e cego, e a certeza de uma relação com futuro e lealdade mas que não ultrapassa essa calma e paz interior que lhe traz, essa consolação de ter estabilidade, essa paixão acesa que falta e que encontra na outra. Por outras palavras, uma dualidade de atitudes que Leonard tem de adoptar, a escolha entre o amor e a razão, a decisão entre o que o coração lhe pede e o que a cabeça lhe indica. E independentemente das condições que o fazem decidir, das adversidades que sucedem, Leonard vai ter que decidir. Porque o que Gray quer mostrar é o poder do amor vs o poder da mente, da “reabilitação”, da resignação – porque muito que custe, ela chega, porque nunca ninguém morreu de amor. E o filme é isso, essa dualidade de sentimentos, esse conflito entre amor e razão, essa viagem emocional que Leonard vai fazer e que lhe vai deixar marcas. E se o tema é banal, a realização, as interpretações, a luz e as sombras, a mise-en-scène de Gray torna tudo extraordinário, clássico.
“Two Lovers” é sem dúvida um grande filme, dos melhores de 2008.
Mas é todo o classicismo que preenche o filme, todo o ambiente que James Gray cria desde o início do filme que nos prende à obra. Todo o desenvolvimento em tons de negro num caos hipotético que é criado dá a ideia que a história vai acabar mal, o que não é necessariamente mentira, dependendo do ponto de vista. Mas Gray cria uma mente instável e que nem ela própria sabe o que fazer, que caminhos tomar, porque o amor é aqui o grande âmago da história. E se a história é banal, porque o é, a forma como é narrada, a mão de Gray transforma-a numa história emocionante e tocante. Porque o filme nunca cai em lamechices, porque apesar de Leonard passar à frente da tela quase o filme inteiro, porque apesar de Leonard tentar o suicídio logo no inicio do filme, apesar de toda a instabilidade mental e emocional (no inicio os pais falam em doença bipolar), apesar de quando rejeitado ele se desfazer em lágrimas, apesar disso tudo Gray nunca nos leva a um ambiente lamechas, ao típico ambiente novelístico do coitadinho que sofre por amor. Não, aqui ele envereda por outra vertente, aqui ele fecha uma porta mas abre outra (relativamente a Leonard), aqui ele não cai no facilitismo de encontrar a tragédia que vai assolando o filme desde o inicio e cria uma história mais real, menos melodramática, mais credível. E aqui não há final feliz nem trágico, há o final apropriado, o final mais real e credível para o senso comum, o final que nos deixa satisfeitos porque era o que nós faríamos. E o amor é isso, é tentar tudo por ele mas parar quando se percebe que não há mais nada a fazer. E é esse realismo sem ser exasperado que faz de “Two Lovers” um filme magnífico. São os planos magníficos que Gray filma que enaltecem a obra, a simplicidade de uma beleza ímpar de Gray filmar os pormenores, os detalhes para uns desnecessários que Gray prova serem necessários. É a beleza de Gray contar uma história de amor de modo arriscado mas competente, de modo a não cair nos clichés, de modo a fugir ao mainstream, de modo a retirar o que de melhor um actor pode dar ao filme. Porque há realizadores que têm essa capacidade, esse dom de conseguirem arrancar uma portentosa interpretação a um mediano actor (o que não é o caso). E Phoenix transcende-se, mergulha na interpretação de uma vida e dá corpo a Leonard de um modo de tal apaixonante que sem ele o filme não alcançava tal proeza.
E a instabilidade emocional de Leonard oscila entre o amor obsessivo e incerto mas explosivo e cego, e a certeza de uma relação com futuro e lealdade mas que não ultrapassa essa calma e paz interior que lhe traz, essa consolação de ter estabilidade, essa paixão acesa que falta e que encontra na outra. Por outras palavras, uma dualidade de atitudes que Leonard tem de adoptar, a escolha entre o amor e a razão, a decisão entre o que o coração lhe pede e o que a cabeça lhe indica. E independentemente das condições que o fazem decidir, das adversidades que sucedem, Leonard vai ter que decidir. Porque o que Gray quer mostrar é o poder do amor vs o poder da mente, da “reabilitação”, da resignação – porque muito que custe, ela chega, porque nunca ninguém morreu de amor. E o filme é isso, essa dualidade de sentimentos, esse conflito entre amor e razão, essa viagem emocional que Leonard vai fazer e que lhe vai deixar marcas. E se o tema é banal, a realização, as interpretações, a luz e as sombras, a mise-en-scène de Gray torna tudo extraordinário, clássico.
“Two Lovers” é sem dúvida um grande filme, dos melhores de 2008.
7 comentários:
Foi o primeiro filme que vi do James Gray. Mas já tenho o We Own The Night também para o ver, talvez o veja já amanhã.
Tens de ver também o little odessa, o 1º filme dele e o The Yards, o 2º que não é tão bom(devido também ao acrescento que os produtores decidiram fazer sem o seu consentimento, podes sempre arranjar o director's cut) mas também é interessante. Eu gostei de todos os filmes dele, mas o We Own the Night e o Two Lovers são mesmo muito bons.
Sinceramente não sei o que se passa para este filme não estrear em Portugal, se é que vai estrear (nem sei se foi directo para DVD). Seja como for, tenho muita curiosidade em visualiza-lo. Gostei bastante da anterior parceria entre Grey e Phoenix apesar de estarmos a falar de diferentes géneros cinematográficos.
Abraço
JD,
o The Yards também já estou a arranjá-lo, o Little Odessa tenho que procurar mais um bocado, mas vou arranjá-lo também.
Mas o Two Lovers é realmente qualquer coisa de maravilhoso, um filme romântico como há poucos. O We Own The Night vou vê-lo hoje. Não conhecia o trabalho do Gray mas fiquei muito agradado. Vamos lá ver se os outros têm o mesmo impacto que este ou parecido.
Fifeco,
já nada me espanta em Portugal. Mas este Two Lovers aconselho-to vivamente.
Abraços
Já tinha mostrado interesse por este filme no meu blog, e continuo muito ansioso para ver este Two Lovers (que continua a receber atrasos na data de estreia em Portugal), já que sou um fã de Gray.
Vê o We Own The Night que é muito bom.
Vale mesmo a pena.
Quanto ao We Own The Night, vi-o esta tarde e gostei bastante mas não tanto quanto o Two Lovers. Mas farei um texto sobre ele daqui a uns dias. :)
Estou morta para ver este filme!
Em Portugal a data de saida deste filme está marcada para 30 de Julho.
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