Um filme de Alain Resnais
Resnais filma “L’Année Dernière à Marienbad” como que se de um sonho se tratasse. Mas o filme não é necessariamente onírico. É um filme sobre memórias, quiçá reais ou fantasistas. Mas Resnais quebra com todas as barreiras clássicas de contar uma história. Resnais quebra com toda a linearidade do cinema e desafia a lógica de tempo e espaço numa mistura de memórias que só o personagem de Giorgio Albertazzi conhece. A realidade é posta em causa e Resnais filma em flashbacks o hipotético passado que a personagem de Delphine Seyrig recusa em aceitar. Ou seja, não há continuidade temporal. Não há linearidade. O filme é feito de memórias, do conflito entre o passado e o presente, do suposto passado que só ele conhece. E Resnais fá-lo de forma brilhante, faz essa viagem entre passado e presente inúmeras vezes ao longo do filme, fá-lo de maneira a nos confundir, de maneira a que dada altura não saibamos mais onde os personagens estão, inteligentíssimo e com a câmara sempre em movimento. Porque o espaço é aqui refutado também. Porque nem o personagem sabe onde passou aqueles momentos com ela, porque as memórias dele permanecem confusas.
E o resultado é uma obra-prima fascinante mas perturbadora. Um filme que limitou Resnais, pois não acredito que fará algum dia uma obra superior. Brilhante.
3 comentários:
Este filme tem uma longevidade eterna, não perde o efeito nem com o passar do tempo nem com novos visionamentos, é único, é um dilema incrível, e é um dos filmes com mais classe de sempre. Basicamente :D
Sem dúvida.
Belo como poucos. Fotografia, realização, ambiente criado, argumento... Resnais no seu melhor. Eu faria um díptico entre este filme e o "Hiroshima meu amor"
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