16 de novembro de 2010

Poliţist, adj. (2009)









O cinema sempre foi feito de momentos. É coisa de acções, de pequenos detalhes. Isto é que me dá prazer ver e apreciar. O percurso de um homem a seguir outro, as esperas, os silêncios, os olhares, acender os cigarros, fumá-los, comer, beber. É coisa do Homem. Formalismos ao caralho (e recentemente vi o Io Sono L’Amore e detestei). Sem maneirismos, sem artifícios. Ritos de passagens minimalistas sim. E o conflito moral em que Cristi se vê envolvido é só um pretexto para o filmar, para fazer dali um filme. Porque o que interessa é o dia-a-dia dele, são aquelas pequenas acções, os lugares, os movimentos, os percursos. O que interessa é a vida. E isso é o que o cinema devia ser, a representação (ou simulação) da vida.

10 comentários:

Sam disse...

O cinema romeno contemporâneo é dos mais interessantes da actualidade. Por isso, não escondo a minha curiosidade relativamente a este POLITIST, ADJ.

Cumps cinéfilos.

Álvaro Martins disse...

É verdade Sam, o romeno e o húngaro também.

Sam disse...

E não nos esqueçamos do cinema sérvio, que (por vários motivos) parece estar na moda e a impor-se.

Álvaro Martins disse...

Sérvio vi há tempos um filme e odiei.

http://alvaromartins.blogspot.com/2010/06/sveti-georgije-ubiva-azdahu-2009.html

Sam disse...

Não conheço o título que referiste mas, à primeira vista, dificilmente será um bom representante desta "espécie"...

Porque entre a polémica de A SERBIAN FILM (http://www.imdb.com/title/tt1273235/) e o prémio no Estoril de TILVA ROSH (http://www.imdb.com/title/tt1516593/), sente-se a Sérvia pode estar a construir uma cinematografia emergente.

Álvaro Martins disse...

Estar aqui a especular isso é inconclusivo Sam. Os dois nomes que referiste são ambos deste ano. O Srpski film já tinha ouvido falar mas sinceramente não me inspira confiança, enquanto que o Tilva Ros (que não conhecia) deixou-me curioso (isto pelos trailers é claro). Mas relativamente a essa emergência do cinema sérvio (como disse em cima) é escusado estar aqui a especular isso. Isto porque ainda é muito cedo para isso. O cinema contemporâneo romeno (origem desta conversa) já tem cartas dadas, já há pelo menos 15 anos que se iniciou. O mesmo com o húngaro. Agora o sérvio está a dar os primeiros passos. E pelo que me parece está a "colar-se" a um cinema mainstream tipo hollywood. E por isso esse "estar na moda". Mas ainda é cedo para dizer-mos se perdurará ou não. Eu não confio muito nos sérvios eheh prefiro o cinema sul americano...

Sam disse...

Obviamente, é uma especulação. Mas pode ser esta visibilidade, mainstream ou não, que originará futuras obras interessantes.

Álvaro Martins disse...

Sim Sam, pode ser. O tempo o dirá.

Rato disse...

"E isso é o que o cinema devia ser, a representação (ou simulação) da vida"
Discordo totalmente, Álvaro. Se o Cinema se limitasse a copiar a vida, as nossas vidas do dia-a-dia, nunca teria tido a magia que sempre teve e que, apesar de tudo, ainda continua a ter. Porque só pontualmente é que existem algumas centelhas de "pirlim-pim-pim" a quebrar a monotonia diária e a lembrar-nos que afinal vale a pena estarmos vivos.
O Cinema, tal como eu o vejo, é arte, emoção, fantasia, tudo elementos habitualmente ausentes das nossas realidades. Mesmo os cineastas que procuram uma maior aproximação a essa realidade - Godard, por exemplo, um dos casos mais paradigmáticos - integram nos seus filmes alguns desses elementos que fazem toda a diferença para uma qualquer vida real. Em nós, simples mortais, apenas vislumbro uma característica que poderia identificar com o universo do Cinema - a capacidade de sonhar.

O Rato Cinéfilo

Álvaro Martins disse...

Ora bem, para sonhar não preciso do cinema, ponto número 1. Ponto número 2, não é copiar a vida, é representá-la, é um pouco diferente. Ponto número 3, o cinema (off Hollywood) cada vez mais procura essa aproximação à realidade, essa herança do neo-realismo italiano. Ponto número 4, como disseste e bem "Mesmo os cineastas que procuram uma maior aproximação a essa realidade - Godard, por exemplo, um dos casos mais paradigmáticos - integram nos seus filmes alguns desses elementos..", o que só explica que tem de haver de tudo no cinema sem se abusar na fantasia e passar para o ridículo. O que devia, isso já é outra coisa.