Charlie Kaufman (o argumentista de Being John Malkovich, Adaptation. e o lastimável Eternal Sunshine of the Spotless Mind) provou com este Synecdoche New York que, além de ser um dos maiores argumentistas da actualidade (indiscutivelmente), os seus argumentos perdiam bastante brilhantismo com a realização, o que aqui não acontece pois é ele quem se encarrega disso.
Synecdoche New York é um filme melancólico, ou melhor dizendo, hiper-melancólico, angustiante, deprimente e existencialista. Philip Seymour Hoffman tem aqui uma das suas melhores interpretações no papel do encenador teatral hipocondríaco, neurótico, inseguro, egocêntrico, deprimente e solitário Caden Cotard.
Synecdoche New York é acima de tudo um filme sobre a inevitabilidade (do tempo, da vida, da morte). E Caden acaba por perceber isso já no leito da velhice e da solidão que abraçara toda a vida. Mas o grande arrependimento de Caden acaba por ser a forma como viveu a vida, como se nem a tivesse vivido (até na forma como constrói e desenvolve a narrativa, Kaufman foi prodigioso, traçando uma narrativa temporal algo confusa e instável (tal como a mente de Caden) onde incorre sobretudo na deterioração daquele homem que acarreta toda aquela realidade do abandono, da angustia e do tormento em que a solidão, a instabilidade emocional e o sentimento de perda o deixou). Por isso, após a viagem de Adele para a Alemanha, só ao fim de algum tempo é que percebemos que aquele tempo em que (deveriam ser semanas) Caden espera pela mulher e filha são afinal anos de solidão e auto-comiseração. Porque Caden tem pena dele próprio, porque a instabilidade mental (a depressão), que a pouco e pouco vai crescendo dentro dele, assim o exige. E por isso os constantes fracassos amorosos. E quando encara a velhice e olha para o passado, ele vê, sobretudo, um vazio na sua vida, o desperdício desta e a decepção por isso, mas vê-o como um lamento. Compreende aí que é um ser humano como os outros. A inevitabilidade do tempo e da morte que se avizinha. A condição humana. Synecdoche New York é um grande filme.
Synecdoche New York é um filme melancólico, ou melhor dizendo, hiper-melancólico, angustiante, deprimente e existencialista. Philip Seymour Hoffman tem aqui uma das suas melhores interpretações no papel do encenador teatral hipocondríaco, neurótico, inseguro, egocêntrico, deprimente e solitário Caden Cotard.
Synecdoche New York é acima de tudo um filme sobre a inevitabilidade (do tempo, da vida, da morte). E Caden acaba por perceber isso já no leito da velhice e da solidão que abraçara toda a vida. Mas o grande arrependimento de Caden acaba por ser a forma como viveu a vida, como se nem a tivesse vivido (até na forma como constrói e desenvolve a narrativa, Kaufman foi prodigioso, traçando uma narrativa temporal algo confusa e instável (tal como a mente de Caden) onde incorre sobretudo na deterioração daquele homem que acarreta toda aquela realidade do abandono, da angustia e do tormento em que a solidão, a instabilidade emocional e o sentimento de perda o deixou). Por isso, após a viagem de Adele para a Alemanha, só ao fim de algum tempo é que percebemos que aquele tempo em que (deveriam ser semanas) Caden espera pela mulher e filha são afinal anos de solidão e auto-comiseração. Porque Caden tem pena dele próprio, porque a instabilidade mental (a depressão), que a pouco e pouco vai crescendo dentro dele, assim o exige. E por isso os constantes fracassos amorosos. E quando encara a velhice e olha para o passado, ele vê, sobretudo, um vazio na sua vida, o desperdício desta e a decepção por isso, mas vê-o como um lamento. Compreende aí que é um ser humano como os outros. A inevitabilidade do tempo e da morte que se avizinha. A condição humana. Synecdoche New York é um grande filme.
7 comentários:
Por acaso fui alheio ao filme até agora. Nem tão-pouco li muito sobre ele, apesar de saber quem era e é o autor do argumento. Não contava com uma realização à altura. Vou anotar o filme na lista ;)
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD – A Estrada do Cinema «
Totalmente de acordo. E acrescentaria mais um adjectivo a este filme: "obsessivo".
A (re)ver!
Cumps cinéfilos.
Vi no outro dia, e perfeitamente por acaso, os últimos vinte minutos deste filme. Gostei tanto que de imediato programei a power box para gravar uma das próximas passagens do filme por um dos canais da Zon. Espero vê-lo brevemente e do princípio ao fim.
O Rato Cinéfilo
Roberto, para mim foi uma grande surpresa. Não esperava tanto do filme.
Sam, também, obsessivo também.
Rato, saca da net e vê ;)
Eu costumava pensar que não gostava dos filmes escritos pelo Charlie Kaufman, afinal não gostava era da realização do Spike Jonze. O "Synecdoche New York" é um extraordinário filme sobre a inutilidade da vida e a inevitabilidade da morte, um épico do detalhe, minuciosamente (obsessivamente) construído.
Fiquei encantadíssimo com o filme, quando o vi. Um dos meus favoritos do ano passado. Sinédoque, Nova Iorque não pode ser visto de forma despretensiosa, temos de atentar à linguagem metafísica e metalinguística para a qual o cineasta nos leva. Um filme sobre o medo, a vida e a morte, a ambiguidade e o transcendente. Uma eterna metáfora.
Olha, o outro dia estive na Fnac com o DVD na mão e quase o levei para casa. Acabei por o deixar ficar. Agora vejo que fiz mal :(
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