5 de outubro de 2010

Une Femme Est Une Femme (1961)







A questão é posta já perto do fim por Émile (Jean-Claude Brialy), “não sei se isto é uma comédia ou uma tragédia, acima de tudo é uma obra-prima”. Antes de mais, grande Godard. Depois, eu diria musical. Mas acima de tudo, um filme. Porque é o que Godard não quer que o personagem se esqueça, porque toda a revolução (liberdade) cinematográfica, narrativa e visual que Godard completa (tudo mergulhado num experimentalismo mais ousado que À Bout de Souffle) é para isso, para que o espectador nunca esqueça que está a ver um filme. Tanto Brialy como Karina estão constantemente a falar para a câmara, para o espectador. Nunca tinha visto Une Femme Est Une Femme e adorei. Compreenda-se todo o seguimento que dá a À Bout de Souffle e antecede o Vivre Sa Vie, toda a revolução estética que Godard assume no seu cinema da década de 60. E, resumindo, Une Femme Est Une Femme é uma homenagem aos musicais de Hollywood. Sobretudo, uma homenagem ao cinema. Grande Godard.

4 comentários:

João Palhares disse...

É o meu Godard favorito, este, hino e ode ao musical de Hollywood (Minnelli, Donen e Fosse) e precursor, início de uma certa ideia de musical francês, que o Demy continiou e desenvolveu de forma magnífica, especialmente em "Les Demoiselles de Rochefort", um dos meus musicais favoritos.

Pedro Teixeira disse...

Bate-se com o Vivre sa vie pelo lugar de meu segundo Godard favorito. As cores, a música, Karina.

Flávio Gonçalves disse...

Quero muito ver (esta frase já começa a soar lugar-comum por este espaço... :p) Apesar de não apreciar muito os musicais.

A ver se lhe dou uma olhada em breve!

Álvaro Martins disse...

João Palhares, autêntico hino sim. E Minnelli e Donen também foram os nomes de que me lembrei. Quanto a Demy, nunca vi nada. Tenho de remediar isso.

Pedro, também gosto muito do Vivre Sa Vie (revi-o ontem). Sim, Karina é assombrosa onde quer que entre. Uma das minhas actrizes favoritas sem dúvida.

João, sim ando numa de Godard :) ando a rever e a ver o que me falta ver. O Le Petit Soldat é o próximo ;)

Flávio, vê que é muito bom (esta também já começa a soar lugar-comum eheh). E não é o típico musical.