25 de maio de 2010

The Station Agent (2003)





Gostei especialmente deste. Porque filmes assim são poucos e cada vez menos (principalmente por terras do Tio Sam). Livre como poucos filmes o são, desprovido de qualquer pretensiosismo ao qual possa ser associado. Fresco na sua pequenez dissimulada onde nitidamente se aproxima dum cinema maduro, simples e humano, dum humanismo excessivo onde, talvez, a única réstia de moralismo seja uma crítica latente à xenofobia existente nos States. E leve nesse moralismo, duma leveza que se afigura agradável, divertida.

Reflexão primordial da solidão (The Visitor é reincidente no tema) no cinema de McCarthy, The Station Agent trata essencialmente do isolamento, do auto-isolamento. Algo a que, humana ou desumanamente, se inflige dada a sua condição humana (neste caso) assim o reclamar. Um anão (dava o mesmo se fosse um negro, um deficiente ou um homossexual) que o sente na pele graças à sociedade em que está inserido (sociedade global, deixemo-nos de merdas), o mesmo anão que se sente descriminado e auto-abraçado a essa própria descriminação. Moralismo inerente a uma visão daquele meio social (O meio social), candura sofrível de um estado quase hipnótico daquele ser humano a que a sua condição o prende, escolha dum isolamento como forma de apaziguamento e catarse que se estende a uma artista ferida interiormente pela perda de um filho. Relação causa/efeito nestes dois seres humanos contrastada com a aparente apatia da vida dum vendedor ambulante que, além de temer a morte do pai, deseja sobretudo escapar a esse isolamento a que os outros dois incessantemente optam.

Acima de tudo, criação de laços afectuosos resultantes duma consequência similar às três personagens, a solidão. Diferentes causas, mesmo efeito. Gostei muito.

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