11 de maio de 2010

Lebanon (2009)



A Lebanon foi-lhe conferida a distinção de filme anti-bélico pela sua produtora alemã, Sonja Ewers. E, realmente, anti-bélico é certamente uma das palavras mais adequadas para definir este filme.
Dum início tranquilo no meio de um campo de girassóis onde o sol brilha e a natureza se faz ouvir, passamos para o interior de um tanque de guerra israelita que nos vai levar numa viagem ingénua e claustrofóbica até a um povoado onde uma missão aparentemente fácil se transforma numa armadilha em que a morte assombra aquele grupo de soldados. Na verdade, a forma como Samuel Maoz filma aquela simples trajectória militar é absolutamente brilhante. Durante aproximadamente hora e meia de filme, vemos o mundo exterior àquele tanque como aqueles soldados o vêem, ou seja, o espectador passa a ser mais um interveniente daquela missão, passa a ser o quinto elemento daquele grupo de soldados que permanece perpetuamente dentro daquele tanque. O exterior é sempre apresentado pelas lentes do telescópio do tanque, e, com essa perspectiva de imagem, Maoz consegue criar e transmitir um ambiente claustrofóbico, realista e uma tensão inerente à situação em questão. A escassa utilização de luz para isso também contribui, conferindo-lhe ainda uma ambiência negra e obscura dos medos e pesadelos daqueles soldados.

Lebanon rejeita qualquer julgamento político ou parcialidade nesse campo. O filme de Maoz apresenta-se, principalmente, como uma reflexão ao impacto da guerra nesses soldados (quase) inaptos para ela. Lebanon afasta-se de moralismos e de actos heróicos para se apresentar somente como um filme anti-guerra, um filme capaz de mostrar o verdadeiro sentido dessa palavra que é “guerra”. Ao contrário de Bigelow (The Hurt Locker) ou de Sheridan (Brothers), Maoz não trata o seu povo como imaculado, não atribui nem retira razões aos israelitas para entrar ou deixar de entrar na guerra. Aqui temos uma visão verdadeiramente realista da guerra. Lebanon explora os chamados “danos colaterais”, aqui explora-se a crueldade da guerra. Aqui Maoz não conta uma história com um antes e um depois. Não, aqui o que importa é aquela missão que aponta para a tragédia desde o início, a humanização daqueles soldados, a inexperiência destes. Aqui o que importa é contar aquela viagem angustiante e claustrofóbica de quem se encontra no meio de algo para o qual não está preparado.
E no final, como que dum triunfo da inocência, voltamos ao campo de girassóis, voltamos à claridade e à tranquilidade da natureza, à paz. Isto sim é um bom filme de guerra.

3 comentários:

Flávio Gonçalves disse...

Vou ver Segunda. É bom que seja bom ;)

Álvaro Martins disse...

Flávio, fico à espera da tua opinião ;)

João, eu gostei bastante :)

Carlos Natálio disse...

Eu acho que o filme fica um bocadinho preso à ideia de filmar no interior de um tanque.

http://ordet1.blogspot.com/2010/05/lebanon-samuel-maoz.html