25 de julho de 2011

L'Uomo Delle Stelle (1995)
Giuseppe Tornatore

L'Uomo Delle Stelle é mais uma fábula Tornatoresca, mais uma tragicomédia que arrasta uma certa doçura nostálgica (que atinge o ápice no final) e romântica sobre um impostor que se serve do cinematógrafo e a ilusória promessa da fama para extorquir dinheiro. Numa Sicília pós-segunda grande guerra onde a miséria reina, onde o sonho do cinema é coisa remota e ilusória, Morelli é o personagem que faz rir e faz chorar, que traz a falsa esperança do sonho de se ser actor a quem já pouca tem. Ao contrário da sua opus magnum Cinema Paradiso, Tornatore distancia-se da homenagem e do amor ao cinema para aqui o usar como instrumento falacioso e esperançosamente vão. L'Uomo Delle Stelle é sobretudo uma ode à Sicília ou ao povo siciliano, um conto do vigário que espreme a miséria de um povo, o seu isolamento social e económico, os sonhos e a ingenuidade desse povo. No entanto, Tornatore humaniza tudo (como é hábito) incluindo o seu anti-herói que depois de enfrentar as consequências do seu acto encontra na paixão por Beata a sua remissão. Um bom filme, um belo filme (espantosa cinematografia), mas nada mais que isso.

5 comentários:

Carlos Natálio disse...

Sem ter visto o filme e apenas com bases nas tuas palavras penso em Tornatore e em Begnini. E penso em como a doçura infantil como tom, quando aplicada ao drama, pode ser tão poderosa (sem saber se esse poder não possui também traços de perversidade) e ainda assim ter uma vida limitada, tão curta.

Álvaro Martins disse...

Compreendo o que queres dizer, mas aqui parece-me que esse poder advém doutro tipo de doçura que não a infantil, parece-me mais um certo tipo de doçura efabulada, como dizê-lo... algo que deambula entre a nostalgia dum povo e a negrura que possa advir da sua simplicidade ou ingenuidade, não sei se me faço entender... uma doçura que encontro em quase todos os filmes de Tornatore, algo que acarreta uma beleza não só visual como sensorial que consegue distanciar-se do sentimentalismo exacerbado (ou a chamada lamechice), um tom romanceado e doce que me parecer funcionar quase como uma pintura da época em questão, do povo em questão, da história que se pretende contar, etc, algo que o molda e sim, neste caso, o limita.

Carlos Natálio disse...

Nunca fui grande fã do Tornatore, mas pode ser que o dito filme me faça mudar de opinião. Abraço

Álvaro Martins disse...

Duvido que este seja o filme indicado para isso :p aconselho mais o Stanno Tutti Bene se ainda não viste :)

Carlos Natálio disse...

Não vi o Stanno Tutti Bene. Vou pô-lo na lista. Abraço