12 de julho de 2011

あにいもうと Ani Imōto (1953)
成瀬 巳喜男 Mikio Naruse

Ani Imōto, filme da rejeição, do caos familiar e da negrura social. Tudo se move tão perto da fatalidade, dirige-se vertiginosamente para lá, rejeita-se o sangue do seu sangue, surge a condenação deste ao submundo, ao declínio moral e ético, e cria-se no seio daquela família uma instabilidade quer emocional quer moral que advém da rejeição e da divisão que a conduta tanto do irmão e do pai como da dela (a rejeitada) o exige. Para isso Naruse filma o rio, porque é o rio que tudo leva e tudo traz, é o rio que separa aquele meio rural da grande cidade (Tokyo), o mesmo rio que separa a família (as duas irmãs moram em Tokyo e no entanto nunca vemos Tokyo), é o rio que separa o pecado da aldeia, é o rio que nos cria uma metáfora da corrente que vai e vem, da tal instabilidade daquela família. Ani Imōto é filme de sombras, é coisa depressiva, brutal, irascível, tão irascível e tão negra quanto os filmes mais negros de Mizoguchi mas tão socialmente realista quanto os de Ozu.

2 comentários:

Argonauta disse...

Eu sofro do mesmo problema, castello lopes... sempre a mesma merda.
Mas em compensação o cine-teatro vai passando umas coisas mais alternativas, o pina do wim wenders, o tio boonme do tailandes que ganhou cannes, o documentário do banksy entre outros, mas é só de tempos a tempos, e cada filme tem assistência de 15 a 30 pessoas e são sempre as mesmas LOL

Álvaro Martins disse...

enganaste-te no post não? :p anyway, tomara eu que aqui fossem passando esses filmes, isto aqui é o degredo, completamente.