14 de abril de 2010

The Searchers (1956)











The Searchers é essencialmente um filme sobre o racismo na América. E por mais que Ford tenha de fazer dos índios os maus da fita, The Searchers condena o homem branco, o ódio deste para com os nativos (Wayne numa das suas melhores interpretações). E o filme lembra isso a toda a hora, mas lembra-o dissimuladamente. Porque, na verdade, a civilização impera sobre o primitivismo. The Searchers traz a glória, o forte sentimento de dever. E Martin é o perfeito exemplo disso, a sua perseverança em encontrar Debbie mesmo correndo o risco de perder quem ama. Ethan é o oposto de Martin, é movido sobretudo pelo desejo de vingança e pelo ódio aos índios, mas, à medida que o filme se desenvolve surge o desejo de redenção (o final é por demais esclarecedor disso), surge acima de tudo o perdão. Ethan é o anti-herói, o herói e o vilão ao mesmo tempo. Mas o que faz de The Searchers um dos melhores westerns de sempre é a sua cinematografia, a cor, a fotografia, os planos, a beleza do cenário. Porque, mais importante que todas as técnicas inovadoras, mais importante que todas as cenas arrojadas das perseguições a cavalo e dos tiroteios, mais importante que tudo isto é a beleza do cinema de Ford, o enquadramento da câmara, a glorificação que Ford consegue transmitir a cada plano. Porque o cinema de Ford é glorioso, é belo.

7 comentários:

João disse...

Finalmente viste-o! Como já tinha dito é dos meus filmes preferidos de John Ford. Adorei a tua selecção de imagens.

Álvaro Martins disse...

Sim, finalmente vi-o :)
Continuo a preferir o How Green Was My Valley, o The Graps of Wrath e o The Man Who Shoot Liberty Valance, mas é Ford e está tudo dito ;)

João disse...

O meu trio é How Green was my valley, Grapes of Wrath e The Searchers :)

Jorge Teixeira disse...

Filme ícone de um género...e muito inspirador para muito do que se fez posteriormente no mundo da 7ª arte.

Li algures que Once Upon a Time in the West baseou-se em muitas cenas neste! No entanto acho que preciso de esperar algum tempo para esta obra assentar na minha cabeça (dado que o vi à pouco tempo). O Once upon a time...é que sim filme assombroso.

Já agora é o meu primeiro comentário por aqui e digo que o blog é uma referência a outro cinema, talvez cinema a sério...vou tentar descobrir algumas obras que sugeres aqui :)
Entretanto obrigado pelas críticas e opiniões que fazes, tenho aprendido algumas coisas à conta disso :) muito embora ainda veja, como dizes, muito mainstream de hollywood, também te digo uma das razões é porque também pretendo com o cinema me divertir, e acima de tudo conversar, partilhar o que se vê, estar dentro da cultura cinematográfica da minha geração! nesse sentido sou muitas vezes levado a ver blockbusters, alguns agradam-me, outros não, na maioria dos casos na perspectiva de entretenimento.

Em relação aos Westerns o que me aconselhas num panorama geral?...exceptuando Sergio Leone que desse já vi quase tudo.

abraço

Álvaro Martins disse...

Em primeiro ligar, obrigado pelos elogios Jorge ;)

Quanto aos mainstream, compreendo. Toda a gente gosta de ver um filmesinho de "encher chouriço" de vez em quando. Mas isso não invalida que o saibamos qualificar, e não dizer maravilhas dele porque nos entreteu durante hora e meia ou mais. É preciso saber ver cinema independentemente dos gostos.
Eu comecei a ver cinema muito novo, com 6 ou 7 anos de idade e não comecei logo a ver o tipo de cinema que vejo hoje em dia. Vi muito Stallone, Van Damme, Schwarzenneger..., mas chegou uma altura que me fartei desses filmes de fantochada. Mas claro que nem toda a gente gosta de ver o cinema como uma arte, nem está para ver filmes onde não se passa quase nada durante hora e meia (Bartas ou Dumont). Há que respeitar quem gosta de hollywood e desse cinema fácil, só não gosto que digam maravilhas de filmes que não valem a ponta dum corno percebes?

Quanto a este filme é muito bom sim, um grande filme (embora não seja o meu preferido de Ford - para mim o melhor norte-americano de todos os tempos). Claro que o Leone se influenciou muito neste filme, como noutros de Ford, de Hawks e Ray, mas criou o seu estilo e um género novo, o spaghetti, e com isso tornou-se um dos melhores de sempre indubitavelmente.

Relativo aos westerns clássicos (e eu ainda ando a descobrir muito), daquilo que conheço aconselho Ford (muito Ford :)), Hawks, Johnny Guitar do Ray, Lang, Huston, Mann, Dmytryk, Sturges, River of No Return do Preminger, Peckinpah, Sturges, Fuller...

Jorge Teixeira disse...

Pois eu ao contrário não comecei por ver filmes muito cedo, apenas iniciei essa minha etapa até recentemente, diria uns 5 ou 6 anos...antes só mesmo aqueles filmezecos (poucos) que passavam e passam nas tardes de fds nos canais nacionais.

Quando me interessei mais por cinema, também não comecei logo por títulos sonantes ou marcantes pela sua qualidade..rendi-me então primeiramente à acção, espectáculo e superficialidade! no entanto como tudo na vida, abrimos os olhos a dado momento e começamos à procura e a ambicionar outros voos, nomeadamente por películas que têm mais aceitação pela crítica, neste caso em relação aos óscares (mal eu sabia que não se traduz literalmente em qualidade na prática). Aí estendi o meu leque por essas bandas, e também por filmes mais antigos, na altura pela década de 90 e 80...hoje em dia passeio também por anos mais longínquos, sem qualquer tipo de preconceito!
Nesse sentido busco obras que ainda me faltam ver (muitas) de cineastas reconhecidos pelo seu valor.
Como é óbvio não considero nem pretendo qualificar um filme mais comercial, sobretudo quando se tem noção que não temos a cultura nem a destreza para tais afirmações.
Contudo é diferente, tal como dizes, referir que se gosta de um filme sem qq tipo de qualificação ou inovação subjacente. Acho que muitas vezes não se fala bem de cinema, é outra coisa...prefiro pensar assim!

Agradeço as sugestões, e na sua maioria já tinha na minha lista de prioridades quase todos que referiste :) sendo eu um recente fã de Westerns (então os spaghetti são uma coisa deliciosa).

abraço

Álvaro Martins disse...

"Acho que muitas vezes não se fala bem de cinema, é outra coisa...prefiro pensar assim!" - não podia concordar mais ;)