22 de abril de 2010

Το Μετέωρο βήμα του πελαργού - O Passo Suspenso da Cegonha (1991)

Quantas fronteiras tem uma pessoa de cruzar para se encontrar num lar?

Esta é a grande questão de Το Μετέωρο βήμα του πελαργού - o verdadeiro, o puro sentimento de se estar num lar, em “casa”. Qual a razão pela qual um homem perde a fé na humanidade, na democracia, qual a razão pela qual perde até a própria identidade? A razão pela qual o leva a fazer essas escolhas. É esta a grande demanda de Angelopoulos n’O Passo Suspenso da Cegonha. Porque pode até desumanizar as fronteiras (que é o que faz), mas é no Homem, na humanidade, que Angelopoulos aponta as suas questões existenciais. É na desumanização do próprio ser humano que o grego quer falar. Uma aldeia dividida pelo rio, pela fronteira que ali permanece. E o povo, turcos, curdos, albaneses, o povo à espera da resolução que nunca chega. Enquanto isso, a miséria, a falta do verdadeiro lar, a desumanização dos refugiados. Como lidar com isto? E não é à toa que Angelopoulos cria a história de Mastroianni, a história do político desaparecido e recluso do mundo. Porque ele perde a fé no mundo, na política, na humanidade. E quem perde essa fé são também, afinal de contas, todos os refugiados. O casamento que se realiza com a noiva e os familiares dum lado do rio e o noivo e sua respectiva comitiva do outro lado é o espelho do ridículo, dessa situação política e social. Mas O Passo Suspenso da Cegonha transcende-se nos movimentos da câmara, nos travellings, na imponência e beleza da sua mise-en-scène, na banda sonora fabulosa de Eleni Karaindrou, no ambiente desolador daquele local, no ritmo moroso e contemplativo do grego. Não há dúvida de que Angelopoulos é um dos melhores cineastas da actualidade.

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