









Recorrente dum naturalismo exacerbado em contraste com a opressão social e política da época (resultante das intervenções militares de 71 e 80), Yol aproveita as vidas de um punhado de prisioneiros para exaltar (ou reclamar) a condição humana. Ou seja, o que Yilmaz Güney e Serif Gören querem mostrar é a condição a que o turco está sujeito na sua sociedade. E não é por acaso que Güney escolhe esse punhado de prisioneiros (ele próprio era um ex-presidiário político e foi aí que escreveu o argumento e o “encomendou” a Gören. Só posteriormente, já no exílio (na Suíça) ele viria a realizar (ou direi antes editar) o filme com os negativos de Gören). Porque o que Güney quer transmitir (acusar) é a ausência de liberdade na Turquia dos anos 80. Como metáfora duma “prisão viva”, da opressão e repressão social e política da época. E Yol está repleto de simbolismos aludindo à liberdade, à opressão, à virtude e à honra. Mas o filme traz também referências constantes à cultura turca, traz um dos mais fortes sentidos realistas que já vi em cinema, traz acima de tudo a desumanização daquele povo (especialmente das mulheres). Sem embelezamentos, sem artifícios. Cru e rude. Grande filme.
3 comentários:
Ando ao tempo para trazer este filme para o meu blog, que parece que ganhou a Palma de Ouro em Cannes.
A ver se é para breve...
Exactamente Chico, ganhou a Palma de Ouro. É um grande, grande filme. Acredita que era uma adição de luxo lá no My One Thousand Movies ;)
Se precisares de alguma coisa diz :)
Eu penso que o arranjo facilmente.
Mas se tiver alguma dificuldade venho bater à tua porta ;)
Enviar um comentário