Shohei Imamura
Remake dum filme de 1958 com o mesmo título realizado por Keisuke Kinoshita (que ainda não vi), A Balada de Narayama de Imamura é um filme negro, sombrio, primitivo. O plot segue uma velha de 70 anos que apesar de ainda saudável anseia e determina a sua ida para Narayma. Ora, Narayama é o monte onde todos os velhos daquela aldeia primitiva japonesa (num tempo indeterminado mas primitivo) vão morrer. Tradições, costumes e regras ou leis próprias àquele povo. Essa, a de aos setenta anos irem para Narayama morrer, é uma regra que é imposta ou que deve ser cumprida porque a aldeia é escassa em alimentos, porque com a exclusão desses sobra mais para os outros. O mesmo para crianças indesejadas ou para o excesso delas numa família. O castigo é severo para quem rouba e para quem não cumpre as regras daquela comunidade. Imamura filma o caos, a fome, filma a sobrevivência ou a luta por ela, os mitos e os ritos primitivos, a negrura do mundo, a ausência (ou quase) de dignidade, de amor, filma a desumanidade e a natureza, a austeridade dela, da vida e do mundo. No entanto, naquele final, naquele homem que tem voltar sem olhar para trás Imamura deposita ali todo o amor ausente neste grande filme.
1 comentário:
Este foi o primeiro filme japonês que me impressionou positivamente. Exibido no Brasil no ano de lançamento, ficou uma semana em cartaz na minha cidade.
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