Francis Ford Coppola
Tudo em The Conversation implode na obsessão por uma coisa, a invisibilidade. O que isto é? Vamos por partes. Em primeiro, The Conversation é um filme que irrompe num presente que transporta um passado subjacente, ou seja, todas as acções de Harry Caul ocorrem segundo o passado, um passado traumático que a meio (do filme) nos é desvendado mas que condiciona ou que dilata a tal obsessão da invisibilidade (culminada naquele final desesperativo de quem perdeu essa invisibilidade e a sua segurança) e que molda a sua conduta profissional e pessoal, ou seja, a sua insociabilidade e essa obsessão na invisibilidade deve-se não só mas também ao passado que o liga (e o traumatiza) com o assassinato (leia-se o acto em si) - naquele sonho enigmático que antecede o seu despertar para a realidade (a falha da invisibilidade) Caul diz a dada altura “Não tenho medo da morte. Tenho medo de assassinatos.” - o que leva a um isolamento quer interior quer exterior que acarreta a obsessão e posteriormente a demência.
Segundo, e à superfície bem à superfície, o cariz político-social (e analogias à conjuntura politica da época) ou a tentativa em “denunciar” os perigos da tecnologia e mostrar que “o feitiço se pode virar contra o feiticeiro”. Mais ou menos isto.
Terceiro e último (não me querendo alongar), The Conversation é mais do que tudo um thriller enigmático à boa moda Hitchcockiana (ainda que, sim, se vislumbrem demasiadas influências do Blow Up do Antonioni), voyeurista, onde Caul vive as vidas dos outros e acaba por se perder na sua. O jogo de Coppola (a conversa que dá título ao filme e a sua interpretação - que é, de facto, o que está ali em causa) e a sua realização são de facto magistrais, o que indubitavelmente faz de The Conversation um dos melhores filmes de Coppola.
Segundo, e à superfície bem à superfície, o cariz político-social (e analogias à conjuntura politica da época) ou a tentativa em “denunciar” os perigos da tecnologia e mostrar que “o feitiço se pode virar contra o feiticeiro”. Mais ou menos isto.
Terceiro e último (não me querendo alongar), The Conversation é mais do que tudo um thriller enigmático à boa moda Hitchcockiana (ainda que, sim, se vislumbrem demasiadas influências do Blow Up do Antonioni), voyeurista, onde Caul vive as vidas dos outros e acaba por se perder na sua. O jogo de Coppola (a conversa que dá título ao filme e a sua interpretação - que é, de facto, o que está ali em causa) e a sua realização são de facto magistrais, o que indubitavelmente faz de The Conversation um dos melhores filmes de Coppola.
8 comentários:
Vi o filme recentemente e esperava bem mais... tirando a personagem do Gene Hackman os restantes são meh para além da história ser um pouco previsível a certa altura, mas tem algumas coisas interessantes que mencionaste aí e que concordo contigo. Mas é um daqueles filmes que daqui a uns meses não me vou lembrar absolutamente de nada.
Acho-o um prodígio de filme e o melhor do Coppola. Acho que já o vi umas 3 ou 4 vezes.. A nuance do "He'd KILL us if he had the chance" e do "He'd kill US if he had a chance", a música, o Hackman e o mundo interior daquele personagem. É, como dizes, um filme de obsessão, mas acho que por mais coisas. Pela privacidade, pelo trabalho, sonoras, visuais, da montagem. É excepcional!! :)
Sem dúvida João, mas continuo a achar o Rumble Fish e Apocalypse Now melhores :)
A propósito, Álvaro, já viste o "One From The Heart"? Tinhas prometido...
Ainda não Rato :( mas vou já tratar disso ;)
Pois...é o meu preferido do Coppola.
"One From the Heart" :)
Um filme tantas vezes esquecido, mas uma maravilha de se assistir. Um dos meus preferidos do Coppola, só mesmo atrás dos 2 primeiros GodFather's. Apetece dizer: Coppola volta a filmar como já tão bem soubeste filmar :). Bem a propósito, até que gostei do "Tetro", o último filme do mestre, não ao nível deste, mas aqui e ali com grandes cenas. Se já o viste, o que achaste do "Tetro"?
Abraço
Pedro, http://alvaromartins.blogspot.com/2010/01/tetro-2009.html
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