6 de julho de 2010

Nói Albínói (2003)




Frio, gélido, assim é o cinema de Dagur Kári (falo assim embora seja só o primeiro filme que vejo do islandês). E Nói Albínói é uma gélida (visualmente e temáticamente) história de um adolescente imutável e inadaptado ao meio onde vive. Estático com raras incursões por planos em movimento (que nem travellings lhe podemos chamar), Nói Albínói é um drama com leves (leia-se raros também) momentos de comédia negra. Obscuro e trágico, tragédia que se avizinha desde o início devido a uma ambiência negra que pauta o filme (embora possamos dividir essa ambiência em duas, uma na qual esse tom negro dá corpo a uma proposta trágica que virá [geralmente dentro de espaços ou na rua de noite], e, outra na qual o manto branco da neve traz luz e claridade ao filme [espaços abertos, ar livre]). E essa ambiência negra de que falo é que faz de Nói Albínói um filme melancólico (não só essa obscuridade como também o tom musical que percorre todo o filme). O próprio Nói é um ser melancólico, inconformado com a vida e com o meio disfuncional onde está inserido (vive com a avó e tem com o pai um relacionamento distante e inadequado). Evita a escola persistentemente e sente-se enclausurado, incapaz de conquistar um futuro próspero naquele local. Anseia abandonar aquela vila, apaixona-se e esse desejo ganha força. E a própria tragédia que virá a isso é favorável. Nói Albínói é um filme melancólico, lento, contemplativo e naturalista. Grande filme.

2 comentários:

(H)Olga disse...

Tive a sorte de ver este filme numa sala de cinema completamente vazia. Digo sorte pois, desta forma, acabou por me marcar bastante... Senti a dobrar toda a esterilidade da paisagem, a solidão da personagem... Uma daquelas experiências que raramente acontecem. Obrigada pelo post deste magnífico filme.

Álvaro Martins disse...

Obrigado eu pelo comentário (H)Olga. És sempre bem vinda ;)