Ao ver Ballada o Soldate lembrei-me de Quando as Cegonhas Voam de Kalatozov. Pela beleza poética e lírica de ambos, pela técnica de imagem e som, pelos planos e o enquadramento da câmara. Mas também pela veia humanística do filme (embora neste Ballada o Soldate esteja mais acentuada), pelo romantismo sempre presente.
Ballada o Soldate é um filme de amor em tempo de guerra, um filme sobre a descoberta do amor. Muito poético, muito lírico, muito humano acima de tudo. Odisseia de valores, de coragem e patriotismo. Compaixão e solidariedade, mas sobretudo um forte sentido de honra e cumprimento do dever. Porque Alyosha troca a condecoração por uma visita a casa para compor o telhado. Porque Alyosha não deixa de cumprir a promessa de entregar o sabão à mulher de um soldado que nem conhecia (e aí Chukhrai condena a mentira, a infidelidade quando Alyosha se depara com aquele cenário), mesmo quando isso lhe rouba algum tempo para estar com Shura. Porque ele perde o comboio para guardar a mala daquele inválido à beira do caos psicológico.
“Mas Alyosha não é nem um herói de filmes de acção, nem um conquistador. Ele é apenas um rapaz simples, que entra em pânico da primeira vez que avista um tanque inimigo, mas ultrapassa o seu medo e consegue atingi-lo.”
Porque os heróis não são aqueles que matam e dizimam tudo e mais alguma coisa. Não, os verdadeiros heróis são estes, os que salvam sem disparar uma bala. Porque aquilo que os define como heróis é a veia humanística, a sua integridade moral e ética. Porque num país assolado pela destruição da guerra, o amor e a compaixão dão outro sentido à vida. Porque o amor é vida.
2 comentários:
Espero que o ciclo esteja a ser do teu agrado, Álvaro :)
Claro que está Chico, muito mesmo ;)
Já conhecia alguns mas a maior parte nem sequer tinha ouvido falar. Só que ainda me vai levar algum tempo a ver tudo eheh
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