7 de março de 2009

Rachel Getting Married (2008)



Quando se acaba de ver um filme como este fica-se sempre a reflectir na sua mensagem e no seu conteúdo. Jonathan Demme faz com este “Rachel Getting Married” uma reflexão ao comportamento humano em confronto com situações constrangedoras. O problema do álcool é analisado ao de leve, preferindo o cineasta fazer um ensaio mais profundo sobre a problemática familiar que advém desse flagelo. Jonathan Demme analisa-nos o comportamento humano de um indivíduo numa pós-desintoxicação e sua consequente reinserção no seu seio familiar.
Nesta obra, o casamento de Rachel (Rosemarie DeWitt) serve de base para aquilo que o cineasta quer verdadeiramente explorar nesta obra, a reinserção num ambiente familiar que tem por intuito ajudar mas que face a comportamentos estranhos a este ambiente acabam por recriminar quem de uma força incrível como a luta de uma desintoxicação (quer de álcool, quer de droga) é detentor. Depois de ter estado nove meses internada para se reabilitar, Kim (Anne Hathaway numa grande interpretação), está de volta a casa para comparecer ao casamento da irmã. É durante a sua breve estadia nos dias que antecedem esse evento que o seu comportamento vai criar situações constrangedoras para a sua família. É devido a essas situações que se cria um ambiente agressivo entre Kim e Rachel. É por causa do comportamento super-protector do pai (Bill Irwin) que Rachel vai sentir ciúmes de um tratamento que supostamente seria ela a receber e não Kim, já que é ela que se vai casar. É face à figura ausente da mãe (Debra Winger) que parece não se importar muito com as filhas que Rachel se comporta assim. É resultante de um acidente sob o efeito do álcool sofrido por Kim em que morre o seu irmão mais novo, que esta se culpa e tem tanta dificuldade em se reintegrar no meio familiar. É o medo de Kim em não conseguir superar o seu vício que a faz ter determinados comportamentos.
Jonatham Demme filma esta obra como se de o movimento Dogma 95 se tratasse. A câmara na mão, os closes muito próximos das personagens depois de variadíssimas situações constrangedoras, o ambiente familiar e de filme caseiro que este tipo de filmagem nos traz. O realizador pensou em tudo e todos estes factores contribuem para um maior interesse do filme e uma melhor relação entre argumento e filmagem. A música é toda ela “amadora”, bandas, ensaios, música de várias culturas….
O cineasta traz-nos assim uma reflexão à reintegração de um indivíduo no seio familiar, uma análise à sua conduta para com este meio e vice-versa, às suas dúvidas perante que caminho e lugar tomar e um ensaio dos comportamentos humanos em confronto com situações constrangedoras que tal indivíduo em tal condição possa provocar. Quanto a mim, Jonatham Demme deixa ainda a dúvida de como lidar com estas situações, com estes indivíduos que por muito que se esforcem em deixar para trás um vício e um passado constrangedor e miserável, estão constantemente em sintonia com uma recaída e uma lembrança de tal situação. A ausência de um conhecimento de que rumo seguir na sua vida por parte de Kim, mostra que a força que estes indivíduos adquirem para se livrarem de tal flagelo, é depois fracassada numa definição de um rumo futuro nas suas vidas.
“Rachel Getting Married” foi para mim uma agradável surpresa e é com convicção que afirmo que supera algumas obras reconhecidas e premiadas deste ano.

2 comentários:

Anónimo disse...

Boa crítica. Não gosto nada das filmagens com a camara na mão mas a parte disso o filme até não é mau. mas já vi melhor este ano.

abraço

Álvaro Martins disse...

Eu gostei do filme, da mensagem que tenta passar e não desgosto da câmara na mão, dá-lhe um ar mais caseiro, aqui até combina muito bem devido ao tema do filme, a reintegração de Kim e a câmara na mão sempre a segui-la e aos outros aproxima-nos intimamente mais das personagens.
Também já vi melhores este ano, só disse que esta obra do Demme é melhor que muitos que foram galardoados este ano e nem vale a pena dizer nomes de filmes.. :)

Abraços