13 de março de 2009

LUNA PAPA (1999)


Rodado no Tadjiquistão, este “Luna Papa” conta-nos a história de Mamlakat (Chulpan Khamatova), uma órfã de dezassete anos que tem o sonho de ser actriz. Numa noite em que Mamlakat chega atrasada para ver uma peça de teatro, ela é seduzida por um actor que diz ser amigo de “Top” Cruise. Depois de fazer amor com o misterioso actor, num acto que nos é apresentado algo transcendente, este desaparece na noite escura. O resultado: Mamlakat engravida. A partir daqui, inicia-se a demanda de uma procura pelo estranho actor para restabelecer a dignidade da família. Mamlakat junta-se ao seu pai Safar (Mukhamedshanov) e ao seu irmão Nasreddin (Bleibtreu) nas mais variadas e incríveis aventuras enquanto procuram o pai da criança, Khabibulla (voz de Raykina) que conta a história na barriga da mãe.
Bakhtyar Khudojnazarov cria uma fábula onírica que oscila entre o real e a fantasia. As belas paisagens da Ásia Central servem de base para contar uma história onde o misticismo e as superstições das tradições de uma cultura se misturam com o stress e a confusão do mundo actual.





Quando se vê pela primeira vez este “Luna Papa” é-nos de imediato reconhecida a influência de Kusturica na construção narrativa e visual do filme. De facto, quem o vir sem saber o nome do realizador, pode muito bem pensar que se trata duma obra desse cineasta que tão bem conhecemos que é Emir Kusturica.
Mas “Luna Papa” não trata só de uma procura de uma honra perdida. Khudojnazarov fala-nos também de esperança e cria aqui um universo próprio em que tudo é permitido, desde a casa que voa graças a uma ventoinha, a chuva de uma vaca e o embrião que pensa e narra a história. O ambiente surreal e tragicómico que envolve toda a obra, a excelente fotografia de Martin Gschlacht, Dušan Joksimovic, Rostislav Pirumov e Rali Ralchev, a visão do cineasta sobre uma cultura e tradições de um país “perdido no mapa”, a música de Daler Nasarov e a excelente interpretação de Khamatova que já nos tinha brindado com a fabulosa Eva do magnífico “Tuvalu” de Veit Helmer, leva-me a considerar “Luna Papa” uma obra-prima do cinema asiático. Bakhtyar Khudojnazarov segue com este “Luna Papa” uma estética visual e narrativa na mesma linha de Kusturica, mas, quanto a mim cria uma fabulosa obra cinematográfica onde cada momento, cada cenário, cada personagem é fantástico e esplêndido na sua plenitude. Obra obrigatória para qualquer cinéfilo que se preze.



Aqui fica o trailer do filme (sem legendas) e a linda música de Nasarov.



2 comentários:

Anónimo disse...

Mais um filme a descobrir. :)

Grande abraço.

Álvaro Martins disse...

Um abraço para ti também