22 de maio de 2009

Nostalghia (1983)

Um filme de Andrei Tarkovsky












O que dizer de um cineasta como Tarkovsky? O que dizer de “Nostalghia”? Não é fácil falar de Tarkovsky, nome maior do cinema, imortal, intemporal, modelo para inúmeros cineastas dos nossos dias. É um cinema espiritual o de Tarkovsky. Complexo e ambíguo. “Nostalghia” é uma obra bela e poética. Tarkovsky fez um filme religioso, humano, abstracto, naturalista, filosófico, eterno. “Nostalghia” fala desse sentimento, desse desejo de um passado inatingível, duma memória que gera saudade, dessa nostalgia que assola o poeta. E Tarkovsky traz-nos dois mundos do poeta. O mundo onírico e o mundo real, o mundo dos sonhos em que a nostalgia está mais presente, em que as saudades da pátria, da mulher e dos filhos abundam na memória de Andrei Gortchakov (Oleg Yankovsk), e o mundo da realidade, o mundo onde Andrei se fascina por Domenico (Erland Josephson), o mundo onde a loucura passeia por entre as personagens, o mundo onde o russo nos leva ao limite do ser humano, ao limite das sensações, emoções e onde a nostalgia passa a uma procura pelas memórias de um compositor russo. Há algo de infindável em “Nostalghia”, algo que Tarkovsky explorou e transpôs na obra, uma essência inexplicável. Como dizê-lo? É uma natureza que Tarkovsky adquire em todas as suas obras, uma fé que está presente tanto aqui como em “Stalker” e em “Solyaris”, uma procura pelo eterno, pelo divino. Uma nostalgia do passado, uma procura pelo presente e uma esperança do futuro. “Nostalghia” é uma obra-prima intemporal de um nome imortal do cinema.

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