20 de janeiro de 2022


 

The Power of the Dog, Jane Campion, 2021

The power of the dog transpira a tragédia desde o seu início, numa confrontação com o espectador que atravessa todo o filme, nas suas duas horas, numa contenção [e talvez contenção seja a palavra ideal para descrever ou classificar o filme] embrenhada em traumas e sexualidade (a homo) reprimida. Coisa, portanto, psicológica e que vive num conflito interior das suas personagens, todas elas humanizadas pela cineasta neozelandesa. A comparação com Kelly Reichardt é justíssima e evidente, the power of the dog tem o mesmo pioneirismo do oeste americano que encontramos nos filmes da cineasta americana, a mesma atenção ao espaço e à forma como, por exemplo, indicadores da natureza dos personagens ou da própria acção em si. A forma como Campion filma denota [daquilo que me lembro do seu Piano] um amadurecimento do seu cinema… parece-me… este é um cinema preocupado com os detalhes, com os gestos, os pormenores, o espaço, o ambiente, as cores, os travellings… num filme contido em que a erupção nunca chega [ou quando chega é também ela contida e dissimulada], o fim chega e diz-nos que a fragilidade é também ela mortífera. Grande!

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