16 de janeiro de 2011

Sweet Movie (1974)
Dusan Makavejev

Liberdade. Sweet Movie celebra a liberdade acima de tudo. Para isso, Makavejev conta duas histórias (dentro de todo o absurdismo delirante, caótico e extremado da situação político-social da época) sobre duas mulheres e sua relação com o sexo (apoiando-se numa teoria de William Reich, psicanalista divergente de Freud). Há ali uma forte conotação política dentro de todo aquele delírio sádico que extravasa na meia hora final do filme, um meio-termo que não deixa exaltar nem o capitalismo nem o comunismo, uma ridicularização de ambos. Na estirpe do non-sense que cinco anos antes nascia com os britânicos Monty Python (ainda que tudo extremado e com densos contornos alusivos ao Marquês de Sade), Sweet Movie é uma sátira provocatória e delirante da alienação do indivíduo e da depravação mental e sexual que daí resulta.

4 comentários:

Rato disse...

Eh pá, onde é que foste descobrir esta, desculpa, "merda em três actos"? Vi esta coisa no dia 28 de Novembro de 1975, um dos filmes que inaugurou o cinema Quarteto em Lisboa. Chamou-se por cá, imagine-se, "Um Filme Doce". Nos meus cadernos particulares dessa altura (mantinha então um autêntico diário de todos os filmes que via) está rotulado com a bola negra da ordem. É claro que nunca mais o vi, exactamente por o ter considerado assim "abaixo de cão".
Do mesmo realizador, contudo, houve um outro filme que vi dois anos depois - 1977 - e do qual gostei bastante. Chama-se "WR, Os Mistérios do Organismo". WR são obviamente as iniciais de William Reich. Este é que realmente gostava muito de rever. Se por acaso o encontrares, avisa!

O Rato Cinéfilo

Álvaro Martins disse...

Vou procurar esse, já li qualquer coisa sobre ele. Depois aviso ;)

Agora quanto a este não partilho dessa opinião. Não é nenhum grande filme, mas também não é mau se é que me percebes. Porque é que dizes que é uma merda em três actos? Pela meia hora final, aquele delírio depravado e insano em que os gajos entram? Sendo assim o Saló é outra merda em três actos não? Aquilo é uma metáfora aos panoramas caótico em que a ex-Jugoslávia entrou. Como no princípio temos a sátira ao milionário (capitalismo), no final temos a sátira (ou denúncia) do comunismo. Críticas viscerais e vorazes à sociedade, às facções partidárias, aos idealismos. Há toda uma denúncia por trás, uma intenção de caricaturar. Choca? Talvez. Enoja? Sim. Mas tem um fundamento.

My One Thousand Movies disse...

Ratinho, olha ele aqui, hehe. Abraço

http://myonethousandmovies.blogspot.com/search/label/Dusan%20Makavejev

Rato disse...

Lá que tinha fundamento, tinha, pelo menos tanto quanto me lembro. Mas o filme tanto "disparou" para todos os lados e mais algum que acabou por acertar nele próprio.