3 de janeiro de 2011

Black Swan (2010)
Darren Aronofsky

O problema do Aronofsky é querer intelectualizar tudo, é querer transcender a porcaria dum objecto qualquer. Já o fez antes e volta a fazê-lo. Esse é o grande mal do homem. É querer (quase) divinizar o ser humano e a história que conta. Quer estar próximo do ser humano, fazê-lo sentir-se. Mas falha. Porque há ali muito pretensiosismo e muito simbolismo desnecessário. Há ali muita exaltação, muito delírio visual e sonoro, muita ornamentação, ambiente forçado, desnorte de um género. Também há competência é claro. Imponente, muito bem filmado e uma grande Natalie Portman (é o filme que o deve a ela). Mas é pouco.

15 comentários:

Rato disse...

Folgo saber que existe mais um cinéfilo que deixou de embarcar no pretensiosismo desse realizador. Lá diz o ditado, "pode-se enganar alguém durante algum tempo, mas não toda a gente sempre"

Um bom Ano!

My One Thousand Movies disse...

Por acaso quero ver este filme, mas nunca fiz do Aronofsky um realizador do outro mundo.
Talvez um pouco acima da média, mas nada do outro mundo.
Já somos 3 a pensar assim :)

Billy Rider disse...

E eu sou o nº 4! Aliás, só quem não tem memória cinéfila é que poderá "comer gato por lebre". Quando alguém baseia o seu cinema em malabarismos circenses, com planos ultra-rápidos (tipo edição de video-clips) e desconexos, a que ainda por cima adiciona trechos musicais do mesmo cariz (tipo rap, hip-hop e por aí fora), é porque algo não bate lá muito certo na arte de fazer cinema. Ao longo dos anos sempre apareceram estes aprendizes de feiticeiro (e obviamente nem um só ficou para a história) mas hoje em dia são mais sofisticados dada a parafernália técnica que têm ao seu dispor. E por isso continuam a enganar cada vez mais gente. Mas é como diz o Rato, isso não dura para sempre.

Sam disse...

«Cinema is an old whore, like circus and variety, who knows how to give many kinds of pleasure», Federico Fellini.

César Carvalho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
César Carvalho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
DiogoF. disse...

Infelizmente, discordo completamente, quer quanto ao filme (dos melhores que já vi), quer quanto ao Aronofsky.

Não acho que tente intelectualizar nada, nem que tenha esse pretenciosismo de transcender e glorificar. Aliás, esse pretenciosismo encontro-o eu em tudo o que é filme português. Não acho que divinize. Acho que o que faz é contar grandes histórias, de grandes personagens (Nina em "Black Swan" ou o outro em "The Wrestler", que penso ser o outro a que aplicas estas considerações"), que não são uma tentativa de ser metafísico mas sim um retrato emocionante e psicologicamente muito envolvente.

Achei mesmo fascinante.

Álvaro Martins disse...

Antes de mais César, concordo em absoluto com “Aronofsky é, sem dúvida, dos realizadores contemporâneos mais interventivos e qualitativamente produtivos, alguém que recebeu não mais que o reconhecimento merecido.”
Nunca disse que Aronofsky era mau cineasta, gosto relativamente (ainda que Pi e Requiem sejam os meus favoritos e The Fountain seja o oposto) de todos os seus filmes. Não desgostei do filme (deste Black Swan), não o achei detestável, mas também não gostei. Acho que tem falhas demais para quem fez Requiem e Pi, só isso. E por “admirar” o que já fez é que a desilusão foi grande. Porque aquilo que vi em Black Swan é aquilo que poderia ver num filme do Nolan ou do Scott, coisa banal com pretensões a coisa colossal.

Quanto ao resto (aos insultos, à pedantice, aos juízos de valor, à estupidez…), sem comentários, não escrevo para isso.

João disse...

Eu adorei o Black Swan, foi dos melhores filmes que vi no último ano...

o Aronofsky não é um realizador que me fascine, e só gostei do seu estilo no The Wrestler. Só me convenceu verdadeiramente aí, com um argumento simples e directo, deixando o Mickey Rourke fazer tudo.
Neste houve uma Natalie Portman excepcional. O filme é delicioso em pormenores. E muito devido à construção do personagem principal, é dos mais ricos que vi nos últimos anos. Todo o final achei perfeito, especialmente o último acto.

tenho pena que não tenhas gostado do filme :P

abraço!

Billy Rider disse...

Pois é, caro César, a imaturidade que se adivinha no teu comentário romanceado diz tudo, ou quase tudo. E provavelmente terás muito mais tempo do que eu para aprender, logo que ultrapasses a fase académica. Por isso não percas a esperança, um dia hás-de lá chegar

Ricardo Contreiras disse...

Ora cá está um exemplo típico, vulgo César, dos que ainda navegam no mar da inocência e da admiração bacoca. Não há nenhum mal nisso, até porque a juventude do escriba tudo justifica. Mas misturar o nome desse tal Aronofsky com outros como os de Rohmer, Kubrick, Welles, Ozu ou Polanski é no mínimo um indicativo de uma noite mal dormida. Tome um Valium que a imsónia lhe passa

Álvaro Martins disse...

Obrigado a todos pelos comentários ;)

Flávio Gonçalves disse...

Eu não levaria ao tanto em conta os defeitos que apontas, porque discordo (sobretudo quando dizes que ele tenta superar uma dimensão que não é transcendente) disso. No entanto reconheço que há algumas falhas no argumento, que por vezes exagera a retratar toda aquela ambiguidade da realidade vs mundo interior. Apesar disso, creio que o filme sabe a muito. Eu adorei a história, da forma como foi contada (prendeu-me do início ao fim) e, principalmente, de como foi filmada (toda aquela proximidade nos momentos da dança) e montada (houve algumas reminiscências do estilo delirante do Requiem que consegui notar). Natalie Portman está excelente.

Ah, e acho que o The Fountain é um grande filme.

Enaldo Soares disse...

Achei este filme uma sucessão de chavões

Álvaro Martins disse...

Também eu Enaldo, também eu ;) ah e bem vindo ao Preto e Branco :)