28 de setembro de 2010

Το βλέμμα του Οδυσσέα - O Olhar de Ulisses (1995)














Το βλέμμα του Οδυσσέα é mais do que um filme, é uma obra de arte, é a melancolia visitada pela nostalgia, a angústia do cineasta numa busca interior. História do cinema, de amor ao cinema. Ao rever O Olhar de Ulisses (primeiro filme de Angelopoulos que vi) relembrei não só uma das histórias mais fascinantes do cinema, como (além de ser o meu preferido dele) um dos melhores filmes do grego. Angelopoulos é um dos meus cineastas de eleição e este O Olhar de Ulisses é, para mim, uma das mais belas odes ao cinema.

Em causa estão três bobines não reveladas, material desaparecido e nunca antes visto, o primeiro filme dos irmãos Miltos e Yannakis Manakis. E, de igual modo, o primeiro da Grécia e dos Balcãs. O Olhar de Ulisses é a busca pelo primeiro olhar do cinema, a busca incessante do cineasta (Harvey Keitel numa interpretação assombrosa) que o faz incorrer numa viagem épica. Mas O Olhar de Ulisses é não só a busca por esse primeiro olhar mas também pela tranquilidade da alma, a serenidade do ser. E poético como nenhum outro cineasta ousou ser, como nenhum outro conseguiu ser. Sereno, melancólico, angustiante, lírico. A viagem (a mesma viagem que Angelopoulos faz em toda a sua filmografia) é uma odisseia como a de Homero. O regresso a casa (nem que seja temporário) na procura desse primeiro olhar sobre um novo século (passado), o primeiro olhar sobre o povo grego e dos Balcãs. E Angelopoulos faz não só um filme poético (em todos os sentidos) como um filme político. Sim, tudo o que vi do grego consegue comportar esses dois elementos, o político e a poesia. E a desolação (aqui não só da Grécia como dos Balcãs) presente pelos lugares que o cineasta passa, a destruição duma guerra.

Já falei muito de Angelopoulos e Το βλέμμα του Οδυσσέα não foge à regra de tudo o resto. Moroso, contemplativo, o sentido onírico e a nostalgia que se confundem com a realidade. A beleza dos planos-sequência, os enquadramentos de câmara, a poesia não só das palavras como das imagens, a música de Karaindrou, o existencialismo, a desumanização do ser humano. Obra-prima.

5 comentários:

Beatrix Kiddo disse...

uma pessoa a dizer maravilhas de um filme que eu nunca ouvi falar...sempre que venho aqui é isto. Por isso gosto de vir cá :) a demonstração que há um mundo por descobrir

Pedro Teixeira disse...

Angelopoulos, acho que nunca me tinha cruzado com este nome... Mas devo dizer que fiquei bastante interessado no seu trabalho depois de ler este e alguns dos teus outros posts sobre o mesmo. Por onde começo?

Álvaro Martins disse...

Beatrix, sim há um mundo por descobrir e todos nós estamos a sempre em descoberta. Obrigado pelos elogios e não deixes de cá vir eheh

Pedro, começa por onde quiseres mas começa :) Sei lá, o Paisagem na Neblina é um bom começo, ou o Viagem a Cítera. Angelopoulos é um dos grandes da actualidade. Para mim está no topo junto de Sokurov e Tarr e ainda me faltam ver 2 ou 3 filmes dele.

João Palhares disse...

Nunca vi nada do Angelopoulos. Se calhar começo por este..

Anónimo disse...

É BRILHANTE este filme!
E foi também o primeiro que vi dele ;)