As músicas de Invictus são dum mau gosto extremo. Sobre isso nem me quero alargar pois está tudo dito, muito mau gosto musical. Depois, fiquei exactamente como quando vi Gran Torino, ou seja, desiludido. Para dizer a verdade, começo a ficar cansado deste Clint, começo a não ter paciência para ver mais do mesmo. Porque o filme resume-se ao herói solitário. E se aqui temos Mandela, em Gran Torino temos Kowalski e Frankie em Million Dollar Baby. Sempre o solitário. Clint aposta muito nesse herói casmurro que percorre o filme inteiro nesse caminho isolado para no fim mostrar que tem razão. Apesar de todo o classicismo inerente ao cineasta, Invictus torna-se um filme light, um filme para agradar, eu diria um filme para a Academia de Hollywood. Salvam-se as interpretações de Freeman e Damon que, não sendo nada de excepcionais, cumprem.
8 comentários:
ainda não vi o filme, mas tens que ver que o mandela foi isso mesmo, um heroi...
Nem sei porque vês porcarias dessas com tanto bom cinema por aí, que sabes que há :)Bastou-me ler uma critica razoavel à apontar para o mau para desligar logo.
Também não gostei das músicas, nem de algumas sequências, tresandavam a "estúdio" e a "indústria" por tudo quanto era lado - o filme foi mais uma ideia de Freeman, que queria o Eastwood a realizar e, realmente, é bem pensado porque se o filme vale alguma coisa (e eu acho que sim) é por causa do relevo que ele dá aos personagens. Aliás, esses filmes que tu falas não são, parece-me, sobre solitários, mas sim sobre imensas pessoas, no fim de tudo. Os filmes de Eastwood não são sobre ter razão ou não nem são moralistas. Tu aqui descreve-lo como pretensioso e acho que é injusto...
Não gostaste do Gran Torino? Como é que é possível? :)
Já agora, quais são os teus preferidos dele?
João, desde o High Plains Drifter que Clint mostra que o solitário é o seu personagem favorito. High Plains Drifter e Pale Rider trazem-nos, tal e qual, o solitário da trilogia dos dólares de Leone. Unforgiven continua na mesma onda, embora tenha abandonado o homem sem nome. Convém referir que, a partir de Unforgiven, Clint abandona o solitário tal como ele é, ou seja, literalmente. A partir daqui, ele cria personagens que se fecham em si próprias, solitários interiores. E William é mais um solitário há procura de fazer justiça, há procura de compensar os erros do passado. Adiante, em Million Dollar Baby, Gran Torino e agora neste Invictus é clarividente essa solidão interior e essa determinação que Clint sempre impõe aos seus personagens. O herói solitário (seja de que tipo a solidão seja).
Quanto ao Gran Torino, não gostei.
Gosto do Unforgiven, do The Bridges of Madison County e dos dois sobre a segunda guerra mundial.
LN, pois.. eu sei ;) Mas podia dar-me para pior, podia dar-me para ver o Avatar :)
Sim, claro que nos filmes de Eastwood (na maior parte, pelo menos), os personagens principais são homens solitários, mas isso não quer dizer que sejam só sobre isso nem todos iguais. São sobre a América, são sobre o tempo em que foram feitos, são, às vezes, críticas desenfreadas ao "american way of life" e às relações entre credos e raças no país, mesmo familiares. O Gran Torino é tão sobre Walt como sobre Thao e a sua família, aquele bairro e, claro, o carro, que é o que desencadeia tudo. O que me ficou do filme não foi tanto a imagem "messiánica" do Walt, mas aquelas pessoas, aquele bairro, aquele Mundo. O Eastwood critica o sistema de dentro e nisso é que acho que é solitário.
Bem, escusado será dizer que tenho o Clint Eastwood em grande conta, eheh...
Tinha que vir a martelada típica do pessoal com cabeça, hehe. O Avatar é mesmo filme de brega(s)...
Vou ver Invictus em breve e logo direi se estamos de acordo. O conceito, contudo... não me pareceu nada relacionado com Eastwood, não te sei bem explicar por que razão. Posso dizer-te, contudo, que também Gran Torino me desiludiu (pensava que era o único)!
Abraço
Enviar um comentário