Um filme de Angela Schanelec
Frio, calculista e cruel. A isto se resume este cinema de Angela Schanelec. Mas “Nachmittag” cansa, porque o silêncio doloroso que assola o filme desde o início ao fim, o medo e a solidão que estão presentes em todas as personagens do filme exceptuando a pequena Mimmi, o passado a ser remexido, porque tudo isso “aleija”. A frieza das relações entre mãe, filho, marido, namorada, amante… tudo, a distância entre todos eles, a compaixão que Konstantin reclama à mãe, o amor que ele pede a Agnes, tudo. A cineasta explora sobretudo esse medo da morte, essa solidão interior que invade o ser humano. E aqui especificamente faz de Konstantin um mártir, um ser inadaptado nas relações pessoais e familiares. E Schanelec filma um lago, a vida entediante com que Agnes se apavora e a faz ir embora, abandonar o seu amado. Filma a velhice e o passado a visitar o presente. Filma o tédio com todo aquele silêncio e a sua mise-en-scène lenta, filma as expressões corporais a gritarem todo esse medo e essa frieza. E uma claridade de imagem surpreendente como uma metáfora perfeita para essa instabilidade emocional que percorre “Nachmittag”.
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