29 de janeiro de 2010

Niceland (Population. 1.000.002) (2004)



Qual é o propósito da vida? Não é uma pergunta fácil (já os míticos Monty Python brincaram com esta pergunta). E a resposta a esta questão é certamente aquilo que cada um de nós seres humanos procura. Na verdade, é uma questão subjectiva, pois cada um terá o seu propósito da vida. Mas, mais verdade ainda, tudo se resume à felicidade. Porque, afinal não é isso que todos procuramos? Niceland é uma fábula sobre o amor, sobre a procura da felicidade. Mas o cineasta islandês procura não se cingir a essa questão. Friðriksson tenta criticar a sociedade, o consumismo a que actualmente o ser humano está agarrado. E fá-lo de forma sublime, ligeira. Fá-lo ao criar instabilidades mentais nas personagens. Sabemos, à partida, que Jed e Chloe são deficientes mentais. Autónomos mas mentalmente lentos. Mas o cineasta nunca explora isso. Ele explora sim o ser humano, seja deficiente ou não (a exploração do consumismo e do materialismo social acontece na “catarse” do pai de Jed). Explora e reflecte nas relações pessoais do ser humano, na angústia da tristeza, na amizade. Mas Niceland tinha potencial para ser melhor. Perde-se sobretudo na história, na questão do sentido da vida. E, embora queira e consiga passar essa mensagem de esperança e de determinação, perde-se no fio narrativo, perde-se na construção das personagens, perde-se no mundo próprio e fechado que Friðriksson parece ter criado propositadamente. É pena, porque Niceland poderia ser um grande filme.

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