13 de outubro de 2009

Taxidermia (2006)

Um filme de György Pálfi











Visceral. Do princípio ao fim.
“Taxidermia” é uma obra ousada, controversa, provocatória, grotesca, bizarra e perversa. Mas Pálfi cria além disso uma obra esteticamente muito cuidada, com uma fotografia espantosa de Gergely Pohárnok e muito bem editado. A cena da banheira em que a câmara roda a 360° ao redor desta mostrando os vários usos está simplesmente brilhante. György Pálfi fez de “Taxidermia” um filme insólito, onde a sua precisão estética balança com a peculiaridade da relação de três gerações com o seu próprio corpo. Não se pode dizer que Pálfi não fez um filme original porque estaria a mentir. “Taxidermia” é sobretudo original e, ainda mais o é, porque consegue mostrar toda essa perversidade, todas essas personagens bizarras e grotescas com uma estética visual poderosa e cuidada.
“Taxidermia” é daquelas obras que, ou se ama ou se odeia. Porque não é um filme fácil, porque chega a ser repugnante (e com isto só me lembro de “Saló” como filme mais abjecto), porque é um filme muito peculiar. Mas se é verdade que é um filme visceral e peculiar, também é evidente a extraordinária narrativa de Pálfi. O tom de comédia negra e por vezes absurda que o cineasta húngaro assume mistura-se com esse cariz obsessivo e animalesco das personagens. Aqui o belo e o hediondo convivem lado a lado. E Pálfi explora a mente humana e as suas obsessões, explora a excentricidade, o grotesco, explora visualmente e explicitamente o corpo humano. É impossível ficar indiferente a “Taxidermia”, seja para o admirar como obra de extrema importância, seja para o condenar à repugnância.

4 comentários:

João disse...

é muito bom sim. Inovador, visceral, original. Lembro-me que quando vi a cena da banheira fiquei parvo. Corri a ver os extras do filme para saber como foi feito.
Uma pequena grande obra do cinema europeu!

Pedro disse...

Nunca vi. Mas pelo que tenho visto, é um filme que nos dá voltas ao estômago.

Álvaro Martins disse...

João,
eu também fiquei boquiaberto com a cena da banheira. O cinema húngaro cada vez me surpreende mais. Muito bom.

Pedro,
sim, dá voltas ao estômago. Mas vale a pena.

Inês Guedes disse...

Também não vi ainda, talvez porque não foi muito falado.
Mas tenho curiosidade.
E ri-me bastante com a tua frase "seja para o condenar à repugnância" :P